Tuesday, July 22, 2008

A caminho da Australia

Ao desembarcarmos em Joanesburgo, a primeira tentativa foi a de fazer um city tour. Algumas pessoas já tinham avisado que a capital da África do Sul também é conhecida por ser a cidade com a maior incidência de estupros do mundo, mas ficar dez horas no aeroporto era um pouco demais. Alem disso, se fosse com um táxi do aeroporto não devia ter problema.

Fomos até o guichê da South African Airlines e, depois de alguma confusão para fazer o check-in da conexão, perguntamos da possibilidade de conhecer a cidade. "Mas o que é que vocês querem fazer lá fora?". Depois da explicação, a mulher da companhia disse que tudo bem da gente sair, mas que não era pra falar com ninguem, "nem olhem pro lado, vão direto para o ponto de informações".

A gente foi, mas fomos barradas na saída porque não tínhamos o visto pra África do Sul. Daí, enquanto pegamos a fila de novo, parou um cara atrás da gente falando português. Cara de surfista, gente boa daquele estilo quase folgado. Brasileiro, lógico. O menino foi se apresentando e eu fui lembrando do meu primo mais velho. Mesmo nome, ambos surfistas, passaram dois anos na Austrália, voltaram pro Brasil e foram moram em Florianópolis. Os dois não conseguiram o emprego que queriam e estão voltando pra Austrália; ele pra tentar ficar, meu primo só pra fazer um dinheiro.

Adotamos o cara, que tava viajando sozinho e que foi de grande ajuda. Ele que me incentivou a pagar um dos grandes micos da minha vida... dormir no meio do aeroporto, bem ao estilo "Terminal", o filme com Tom Hanks.

Durante a viagem, a minha amiga tava empolgadíssima, não queria dormir nesse avião, porque assim ficava cansada, dormia no seguinte e chegava já acostumada com o fuso. A gente conversou bastante, mas o que me deixou mesmo acordada foram os dois filmes do avião. O primeiro - que eu mais gostei - sobre uma menina, interpretada por Christina Ricci, que foi amaldiçoada com um nariz de porco. O feitiço só ia ser quebrado se ela se casasse, então os pais ficam caçando um pretendente. Filme estranho, mas muito bom. O segundo era sobre uma casa aparentemente amaldiçoada e seres fantásticos, como fadas, javalis falantes e bichos nojentos que soltavam gosmas verdes quando morriam. Por causa desses dois, cheguei exausta na Africa do Sul.

No aeroporto, a primeira coisa que vi pra vender foi uma camisa da seleção brasileira de futebol. Em seguida, uma havaiana com a bandeira do Brasil. Mas o que mais me encantou e eu quase comprei foi um bonequinho de pelúcia do antílope mascote do Spingbox, time sulafricano de rugby e atual campeão mundial (depois soube que no dia seguinte teria um jogo deles contra os wallabees, da Austrália, o que tornaria mais engraçado eu entrar no país com o rival deles debaixo do braço). Mas como em aeroporto tudo é estupidamente mais caro, não quis fazer as contas de quanto era o bicho.

Outra coisa que chamou a atenção foi uma máquina de massagem com água. A pessoa deita na maca, eles colocam a máquina por cima, que tem um plástico embaixo e jogam jatos de água nesse plástico, ou seja, em você, mas sem te molhar. A impressão de quem vê de fora é que tem uma pessoa sufocada dentro do plástico, já que não dá pra perceber que ela está solta embaixo da engenhoca.

Eu e Cris chegamos à conclusão que gostamos da África do Sul só pelo estilos deles. Todas as mulheres t^em desenhos nos cabelos, um diferente do outro. Os homens são todos estilosos (o que é legal só pra ver... eu não gostaria que meu namorado usasse um terno e uma calça dourados como vi um cara usando). Mesmo as coisas da companhia aérea, como negocinho pra tapar os olhos, cobertor e afins, eram desenhadas com um monte de formas geométricas e bem coloridas. Lina ia amar.

Mesmo assim, meia hora no aeroporto e eu já tava exausta, quase dormindo em pé e com uma dor de cabeça absurda. No aeroporto inteiro tinha somente um lugar pra entrar na internet. Sem atendente, você tinha que entrar no site e comprar o acesso pra uma semana inteira via cartão de crédito. Desisti.

Fui até a farmácia do aeroporto e comprei uma aspirina efervecente por 33 Raids, o que é cerca de seis dólares. Então foi que o menino me incentivou a dormir nas cadeiras vazias de uma parte mais isolada do aeroporto. Dormi um pouco e fomos comer alguma coisa. Depois da comida, voltamos pro mesmo lugar, dormi de novo, dessa vez mais pesado. O menino também dormiu. J'a minha amiga continuava pilhada, devorando o livro do Garfield que meu pai deu de presente ou andando de um lado pro outro. Foi comprar 'agua, comida, o que precisasse. Quando acordei de novo, a dor de cabeça tinha passado. Fomos ver o horário e descobrimos que o vôo tinha atrasado duas horas. Alguém lembrou de um sofá aparentemente hiper confortável no mesmo restaurante que tínhamos comido. Dez minutos depois e já estávamos os três dormindo de novo. O sofá ficava no final do andar, protegido por um vidro. Depois disso vinham as escadas rolantes. Várias vezes eu abri os olhos e vi alguém que descia a escada olhando pra gente e dando risada.

No segundo avião, vi só um filme e passei o resto da viagem ouvindo música, uma rádio de classic rock e outra de anos 80, principalmente de trilhas de filmes, o que me fez lembrar muito de Lana. Na verdade, eu deveria me sentar em uma cadeira com mais espa'co pras pernas, ainda por causa da queimadura, mas nao deu no primeiro aviao, muito menos no segundo, quando sentei em uma cadeira e minha amiga em outra. Mesmo assim, me senti tão em casa com as músicas que cheguei mais tranquila ainda em Perth, nem liguei muito pra perna. Liguei pra minha homestay, conferi que ela estava mesmo em casa e fui pra lá de táxi. Ela e o cachorro me receberam extremamente bem!

3 comments:

Lucy Jones said...

AH... que pena que você não conseguiu sair do aeroporto...

Bem, pelo menos assim vc não perdeu o vôo! :D

Incrivelmente acho que não vi nenhum dos dois filmes que vc gostou... e acho bichos de pelúcia mega fofos!!!

bjinhos!

Fábio said...

Não sei qual espera é pior... dentro do aeroporto ou, ainda, no avião. tudo o que você mais quer é chegar logo e sair conhecendo o lugar...

no seu caso, sua nova rotina...

Beijocas...

Lina Jones said...

Ehhhhhhhhh....... vc chegou! Ai, adorei o pouco que soube da Africa do Sul!rs. As estampas devem ser lindas! Mas, vou te contar uma coisa, se sabe que a última vez que peguei avião tremi na base, as músicas do vôo que me ajudaram. Tô ficando velhinha...rs
beijocas!