Friday, May 11, 2007

Aprendendo com a girafa

Uma das perguntas que mais me fizeram - e até hoje fazem - é "você gosta de ser alta?". E sim!!! Eu adoro ser alta. Apesar de todos aqueles poréns, como encontrar homens também altos ou sapatos número 40, acho que nunca cheguei a criticar essa parte do meu código genético.

Quando era mais nova, confesso que não era tão confiante. Não usava salto alto e ainda acolhi o pedido de mamãe de jogar vôlei, "que é mais bonito. Você já é alta. Vai jogar basquete e ficar mais grande ainda". Lógico que ela tava falando só porque nunca viu graça nas pessoas se batendo e correndo de um lado pro outro pra acertar a cestinha, mas pedido de mãe, principalmente quando se tem 13 anos, a gente não discute (pode até não aceitar, mas nunca discute).

A questão é que só fui voltar a treinar basquete no 3o ano da faculdade. Até então, minhas idas e vindas com o volei não foram suficientes nem pra que eu aprendesse a sacar (já que descobri que a partir de uma certa idade "sacar por cima" se torna redundante).

Hoje, apesar de ainda me considerar uma vaca, amigável e avoada, e não uma girafa, a meu ver, com um ego absurdo apesar da sua esquisitice (questão levantada naqueles jogos de "com que bicho você se parece"), já ostentei por um bom tempo um namorado um pouquinho mais baixo (o que foi uma das maiores provas à minha auto-estima), dentro meus sapatos de salto alto tenho um de salto fino de mais de 8 centímetros, que usei pra sair correndo junto com Lucy no meio na formatura desse ano, adoro a posição de pivô e, mesmo quando ando com amigas bem mais baixas, dificilmente lembro dessa diferença.

Hoje, entretanto, foi um dia em que percebi o mal que podem fazer alguns centímetros. Com o dia de folga, fui ao banco no meio de The OC. Pensei, em menos de 15 minutos volto. Entrei na agência para fazer o depósito. Uma, duas, três vezes deu erro no auto-atendimento por causa de um código bancário, um tal de OP que tive que chamar a funcionária para descobrir.

Além disso, havia o problema do teclado bancário. Talvez o motivo do banco tê-lo colocado em posição inversa à do telefone seja por segurança. Talvez tenha sido por estupidez. Para piorar, tem aquele telhadinho que fica em cima do teclado. A tampinha usada para que as pessoas que ficam atrás na fila não enxerguem os números digitados me ajudou ainda mais a parecer uma asna - dessa vez, nem vaca, nem girafa - em frente ao computador.

Por causa da inclinação, para conseguir enxergar, toda vez tinha que dar uma leve agaixadinha. E como a cada erro por causa do OP a minha vontade de fazer tudo direitinho diminuía, no final, já fazia tudo correndo e errava ainda mais. Os erros foram tantos ao ponto de provocar a entrada em manutenção de uma das máquinas.

Quando troquei de terminal, acho que finalmente tinha me acostumado à localização esquisita das teclas. Cerca de 10 minutos depois de ter começado a primeira transação (o normal é uns 30 segundos), fiz meu depósito, respirei e fui embora, cabeça erguida, fingindo, para todos os efeitos, que a culpa era do outro computador. Afinal, mais importante que aprender a andar de salto é não descer nunca mais dele.