Tuesday, June 24, 2008

O doce de cada um

Lucy me disse certo dia que preciso arranjar pessoas menos bregas. Sim, bregas - adjetivo usado por ela, talvez a mais romântica do grupo, para determinar o tipo de pessoa que eu, talvez a mais racional entre nós, costuma encontrar.

É fato que diminutivos, superlativos, palavras e frases de efeito que às vezes não dizem muita coisa e não expressam a realidade são a tônica de todo e qualquer relacionamento. Por isso, acho que me acostumei a não criticar mais. Se eu sou um extremo, me recusando ao máximo a chamar alguém de gatinho, gato, gatão, benzinho, mozão e afins, o resto do mundo pode fazer parte do outro pólo. E para o sul se relacionar com o norte, é só a gente entender as diferenças e brincar com elas.

Apesar de nenhuma das Jones ser um poço de doçuras (no sentido brega da coisa), há uma escala de meiguice entre as cinco, com a existência de algumas peculiaridades. A palavra "fofo", que começou com Lucy, hoje já é praticamente usada por todo grupo, mas cada uma no seu caso. Lucy diz que homens são fofos - isso, inclusive, já foi comentado por ela em algum texto. Mesma opinião tem Lina, que há tempos está sumida. Para Ariel, bebês são muito fofos. Já no meu caso, e onde talvez se inclua Lana, o adjetivo está mais ligado a cachorros ou a outros animais que andem em quatro patas em vez de duas.

Indo um pouco mais a fundo... a metade da minha laranja, a tampa da minha panela, minha vida, meu amor, o tijolinho que faltava na minha construção... tudo isso é clichê e, dependendo do seu humor no dia, ridículo. Entretanto, faz parte.

Uma professora de ginásio leu uma vez o texto "Todas as Cartas de Amor são Ridículas", de Álvaro de Campos. A tese é simples: todas as cartas de amor são ridículas. Se não fossem ridículas, não seriam cartas de amor. Ou seja, se você gosta da pessoa, até as coisas bregas podem virar bonitinhas. O problema é quando que essa mudança acontece.

Certo dia, depois de ouvir um "porque a gente se gosta" de alguém que mal tinha conhecido, fiquei pensando e - mais do que isso - perguntei se a pessoa realmente acreditava naquilo que estava dizendo ou se falava por falar mesmo. A resposta foi meio que uma mistura dos dois.

E daí, o que é pior: pecar por uma seriedade excessiva, esperando surgir o sentimento para depois expressá-lo e, assim, correr o risco de não se deixar envolver o suficiente, ou dizer coisas que você às vezes nem sente só porque acha que vale a pena apostar na relação e esperar que, com o tempo, tudo o que você está dizendo vire realidade?

Se eu ouvir 40 vezes a mesma música é bem possível que acabe gostando dela. Então, se uma pessoa falar mil vezes eu te amo, é provável que isso aconteça mesmo ou que, pelo menos, a gente acredite nisso. Porém, além da auto-afirmação, acredito que há outro elemento para essa chuva de elogios e frases bonitinhas que começam na adolescência e às vezes não terminam nunca: a vontade de agradar ao outro.

O que mais se ouve é que mulher gosta de homem romântico, apaixonado e que, por isso, ela costuma ser mais piegas. Uma cena clássica de começo de namoro (às vezes mesmo depois de um bom tempo de namoro) é a de Kate Hudson fazendo biquinho pra chamar o cara que ela mal acabou de conhecer de "my Benny Bear", em "Como perder um homem em 10 dias".

Segundo a lógica do filme, homens detestam esse excesso de doçuras, mas o que acontece na prática não é bem assim. Talvez por realmente acreditar que as mulheres gostam e precisam disso, os homens cada vez mais se acostumaram a usar essa melosidade em demasia para explicitar seus sentimentos. E nessa bola de neve, mulheres que não são tão adeptas a essa chuva de glicose acabam se acostumando com o tratamento e homens que não eram tão... açucarados acabam virando os próprios bonequinhos de glacê de Natal.

E, apesar desse texto parecer uma crítica ferrenha, confesso que não é tanto. Quando era mais nova, meu estômago já revirou várias e várias vezes toda vez que o moço em questão fazia biquinho ou voz de bebê pra falar comigo. Mas não tem jeito, há leis da natureza com as quais não podemos lutar. Com o passar dos dias, a bolacha fora do pacote vai ficar mais murcha e a gente, menos crítica.

Um exemplo é o 'querido' - também incorporado de dona Lucy Jones e contra o qual sempre lutei -, que deixou de ser irônico para virar sincero e já nem soa mais tão engraçado. Pessoas queridas são queridos e ponto. Nada de errado nisso. Afinal, vale lembrar que açúcar sozinho enjoa, mas é imprescindível pra se fazer um bom chocolate.

Wednesday, June 04, 2008

O Mr. Big de cada uma

Para muitas mulheres, ele era o cara. O genro que mamãe pediu a Deus. Culto, inteligente, divertido, bom caráter, maduro, bom de papo, enfim, uma ótima companhia.

Pra mim, pra você... infelizmente ele não era o cara pra ela. E ela sabia disso desde o começo, desde a primeira olhada. Sem estalos, sem suspiros, sem sonhos ... Os pensamentos em comum tornaram a convivência uma amizade. E de um beijo roubado, mas beeeem consentido, a amizade evoluiu.

Se não era pra dar certo? Se era pra dar? Nem os dois sabiam dizer. Já estavam há alguns meses juntos como amigos, amantes, companheiros e confidentes. Os sentimentos existiam, ou melhor, bravamente persistiam, resistiam, porque eram abafados por ambos os lados.

E tudo estaria comodamente perfeito se ela não se desse tanto ao direito de sonhar. De querer ao menos se deixar apaixonar e viver uma história, mesmo que não tivesse final feliz.

Ela decidiu quebrar a cômoda harmonia e falar. Discussão de relacionamento não foi, porque aquilo não era uma discussão, tampouco de um relacionamento. Mas se não era, nunca será. Ele entendeu e respeitou os sonhos de menina dela, mas já não estavam na mesma sintonia. Ele não queria se deixar envolver, nem criar raízes.

A decisão era de que a amizade era forte e verdadeira demais para se deixar de lado. De certa forma, um precisava do companheirismo do outro. Eles apagaram a porção amante e agora tentam tocar a vida. Como amigos...

Será que a amizade sobreviverá?

XOXO