Sunday, October 29, 2006

A noite que valeu por um ano

Minha mãe costuma dizer que a cada dia que passamos direto, sem dormir, diminuímos um ano de nossas vidas. Bem, valeu muito a pena ter perdido um ano pela festa de sábado.
Depois de muito tempo as Jones se reuniram novamente - só faltou a Lina. E depois de um tempo maior ainda conseguimos ir na Trash 80's, programa que combinávamos desde que esse blog foi lançado.

A noite foi perfeita. Rimos muito, dançamos de David Bowie a Xuxa, com coreografia e tudo - lógico. Quase cinco horas dançando sem parar como há muito tempo não fazia. Ah, como estava precisando disso! E não adianta pensar que a balada tava boa só porque ela é boa, e que semana que vem estaria igual. Normalmente 3h é fim de festa - opinião confirmada por Lana Banger, freqüentadora assídua da casa.

Dessa vez, aniversário de dois anos do lugar, fomos embora 4h30 e ainda tinha uma quantidade bem considerável de pessoas na pista. O show do saudosíssimo Double You talvez tenha ajudado a manter o clima. Mas a seleção de músicas, todo o cuidado com coreografias e a pista cheia mas com possibilidade de se dançar fizeram toda a diferença. Tanto que só fomos embora a hora que pés e costas já não tinham mais condições - e eu comecei a correr do risco de me atrasar mesmo sem dormir. Por sorte, ainda consegui deitar por meia hora - contada no relógio - antes de levantar para tomar o café e sair de casa quase de madrugada.

Como já foi dito por uma das Jones nesse mesmo espaço, existe uma série de combinações para que uma balada seja perfeita. Há várias semanas tenho saído para lugares legais mas... nem tanto. Agora, que finalmente a noite especial chegou, seria um absurdo não aproveitá-la. Mesmo que isso signifique o sacrifício de praticamente não dormir (e assim, segundo a lógica da minha mãe, diminuir 12 meses da minha existência).

Assim como baladas perfeitas existem amores perfeitos, momentos perfeitos, lugares perfeitos. Nas duas últimas duas semanas dois amigos vieram me contar que acharam seu perfect match... alguém especial com quem estavam saindo e que combinava perfeitamente com seus estilos de vida. Um deles, por achar que não estava em um momento para se envolver, acabou desistindo. A outra está tentando com o cara. Meio com medo de se machucar, mas faz parte.
A questão é... é tão difícil nos depararmos com esses pedaços de perfeição que não podemos desperdiçá-los, mesmo com a correria, mesmo com os riscos.

...

Plageando a Lucy, diria que esse post não tem muita razão de existir. Talvez tenha escrito numa tentativa de me auto-justificar por estar exausta e ainda ter um dia inteiro pela frente. Talvez seja simplesmente uma maneira de exteriorizar as sensações de algumas horas atrás. As notícias ainda não começaram a chegar, não tem ninguém no msn e portanto não tenho com quem conversar. A música do Double You ainda ecoa na minha cabeça. Muito bom.

Wednesday, October 25, 2006

Verdades, mentiras e enganos

Uma das coisas mais legais de se freqüentar diferentes lugares é que cada um tem seus tipos habituais de pessoas e um ou outro que destoa, seja por roupas ou atitudes. Aliás, só isso já é um bom roteiro pra balada: a gente sai, bebe, conversa, vê pessoas novas. Algumas bonitas, outras nem tanto. O ego aumenta. Às vezes diminui. Daí você olha pro lado e repara naquela menina praticamente pelada se jogando em cima dos caras. As costas doem só de ver o quanto da bunda dela está empinada. Será que ela é? E o papo continua. Nesses casos, é fácil esteriotipar e ser esteriotipada.

Semana passada fui com uma amiga a um desses barzinhos do Itaim. Como era 5a-feira e estava garoando, todas as outras meninas desistiram e a gente resolveu sair só pra beber e papear. Não nos falávamos há um bom tempo e por isso teve assunto suficiente pra pelo menos uma hora.

Já era e as pessoas foram rapidamente embora. Terminada a música ao vivo, teve a pagação básica de mico da gente dançando meio sem graça no centro da pista quase vazia - só pra não dizer que não dançamos. Já nos preparávamos para ir embora quando surge alguém com o famoso "Do you speak english?"

Ele tinha bem cara de gringo e aparentava uns 60 anos. Mas um velho conservado. Ótima pessoa para se conversar, o moço nem tão moço disse se chamar Tony. É irlandês e veio para o Brasil ver a final da Fórmula 1. (Aliás, aqui cabe um parênteses para mostrar como estamos realmente fadadas ao rugby. O cara não era jogador, mas é irlandês, ou seja, britânico. Inglaterra... rugby... quer coincidência maior?)

Conversamos o suficiente para perceber que meu inglês está muito aquém do desejado. Eu e minha amiga falamos sobre pontos turísticos de São Paulo e indicamos uma balada pós-balada. Duas na verdade. Ela sugeriu a Love Story, afinal, fecha tarde e tá cheia de mulheres. Eu pensei no pobre velhinho chegando na balada / puteiro e sendo atacado pelas primas, fiquei com pena e, antes que ele entendesse o que estávamos sugerindo, propus um pub. O bom é que ainda consegui a resposta para uma dúvida antiga. O'Malleys se pronuncia como em português: o maleis, e não o meleis. Para chegar a essa conclusão tive que escrever o nome do até então incompreensível pub e depois ouvir "Ah, omaleis, era isso que você estava dizendo?".

Já que eu não tinha caneta ou papel, pedi empretado para o garçom e fiquei meio sem graça com a cara de repreensão dele enquanto eu escrevia o endereço. Ainda perguntei se ele sabia o endereço do lugar, como quem diz "não estou dando meu telefone pro velhote, só fazendo uma boa ação" mas parece que a história não colou.

Várias pessoas de longe também tinham aquele olhar "será que elas são?". Talvez pensasse o mesmo. Afinal, duas meninas bem mais novas conversando com um turista sozinho, fazendo anotações em um papel. Se não são profissionais, pelo menos, pessoas muito dadas.

Mas tudo bem. A conversa estava divertida. Tony tinha vindo pra São Paulo para assistir o GP de Interlagos e sua primeira parada foi no túmulo de Senna. Até eu que adoro programas de índio não imagino passeio mais sem graça. Não sei o que fazia da vida ou fez quando era mais novo. Tony nos contou apenas que lutou na Guerra das Malvinas. Uma guerra inútil segundo disse.

Cinco minutos depois dele ter começado a falar a respeito nós nos despedimos com um cordial aperto de mão, pagamos a comanda e deixamos o bar. Sabia que se ficasse mais, logo desistiria de ir embora só pra ouvir algumas histórias. Além disso, já era mais de 3h da manhã.

Na volta para o carro eu e minha amiga chegamos à conclusão de que a Guerra das Malvinas aconteceu há muito tempo e por mais velho que Tony fosse, seria quase impossível dele ter participado. Provavelmente estaria inventando só para impressionar. Agora, pesquisando, descobri que o conflito aconteceu em 1982.

Nossa vez de errar no julgamento.