Tuesday, October 30, 2007

Relações modernas

- Alô?
- Oi, é a Patty, tudo bem? Tá pronto?
- Oi!... sim!... como faremos?
- Bom... a rua aqui é meio movimentada, difícil de parar, mas tem um posto na frente, conhece? Quer se encontrar lá?
- Sei sim, pode ser
- Tá, então tou indo pra lá
- Ah, na volta, você me deixa?
- Hum... tá, lógico... deixo... o problema é que... você deve tar exausto né? não deve querer ficar mais um minuto aí...
- Não, por quê? Não tá pronta? Posso esperar
- Ah, que ótimo. 8h30 no posto, pode ser?
- Não posso tomar meu banho primeiro, daí te encontro?
- Nossa, perfeito. Como que a gente faz? Você me liga?
- Não, termina suas coisas aí. Quando acabar, me liga que eu saio

...

Depois de desligar o telefone, assinei o cheque que daria para ele em seguida.

Não, apesar da conversa ter sido exatamente assim, ela não fazia parte dos últimos acertos de um encontro. Esta fui eu conversando com o mecânico do meu carro (que até então nunca tinha visto) pra que ele viesse trazer meu bichinho de volta.

Quem manda trabalhar até tarde? À noite, as coisas mais esquisitas, como a conversa acima, acabam parecendo normais, ou pelo menos aceitáveis. Talvez por isso o blog tenha esse nome.

Wednesday, October 17, 2007

E se eu for o homem da sua vida?

Esse post eu enrolo pra escrever há muito, muito tempo, mas toda vez que surge uma ocasião eu escrevo um rascunho, não termino e o momento passa. Antes que isso aconteça de novo, aí vai ele, desta vez, como resposta ao relato de Lucy sobre a expectativa ou não de casamento

Quem me disse a frase acima, do título, foi um amigo, ou melhor, um conhecido de longa data. Vizinho de uma amiga de colégio, o moço e eu nunca tivemos nada em comum, mas há muitos anos ele insistentemente demonstra certo interesse, sempre repelido. Em um desses momentos, via msn, já que há muito deixei de encontrá-lo, ele joga: "como você sabe que não vai dar certo? A gente nunca tentou. E se eu for o homem da sua vida? Vai perder a chance de descobrir?" Perdi e, confesso, sem nenhum peso na consciência.

Com tantas pessoas no mundo, já imaginou testar cada uma delas pra saber se é o homem da sua vida? Impossível. Então, se você conhece ele já há algum tempo, não sente atração nenhuma, vocês têm interesses diferentes e não conseguem conversar por mais de meia hora, definitivamente vocês não nasceram um pro outro.

Da mesma forma, você pode ser apaixonada pelo cara, ter vontade de acordar e dormir ao lado dele, só admirando, mas se ele não gosta de você, ou não te respeita, ele não é o homem da sua vida. E não adianta vir com essa de a pessoa certa no momento errado. Se ela é o tudo o que você sempre sonhou, mas não pra esse momento, não adianta mandá-la esperar. Vocês simplesmente não são um para o outro.

As pessoas mudam. Às vezes continuam no mesmo rumo, às vezes divergem. Aquele ex-namorado com quem você pensava em passar o resto da vida, hoje, pode não ter mais nada em comum contigo. E, mesmo que você não sonhasse em morrer ao lado dele, depois de um tempo vem aquele sentimento "nossa, como eu pude agüentar tanto tempo?" Simples, na época tudo era diferente. Então, será possível apostar que daqui a um tempo, quando você estiver pronta pra assumir a pessoa hoje rejeitada, ela estará igual?

Acho que, ao contrário, da maioria das meninas, pouco alimentei a tal síndrome de Cinderela, de achar que existe one guy, and just one guy, que vai te fazer feliz para sempre. Racional ao extremo, acho que prefiro acreditar que, com um pouco de amor-próprio, sentimentos sinceros pelo outro, quando ele existe, e princípios básicos de boa convivência são suficientes pra fazer a gente feliz.