Friday, November 10, 2006

Metamorfoses ambulantes

Quantas pessoas conhecemos durante a vida? Pergunta difícil? Então espere pra ver. E não vale contar só grandes amigos, namoros, família. Estou falando de conhecer no sentido mai amplo da palavra. Vale até até mesmo aquele cara lindo que você só olhou passar mas que vai ficar por muito tempo na memória. "Será que um dia vou vê-lo de novo?" Mais ou menos no estilos de filmes - ou na recente propaganda da Claro - onde duas pessoas se encontram em vários locais distintos, ocasiões inpensadas, até que percebem que nasceram uma para a outra e vivem felizes para sempre.

Síndromes de Cinderela à parte (toda menina sonha em ser levada para longe montada num cavalo branco e ao lado de um príncipe encantado), cada pessoa que passa pela nossa vida deixa um pouco de si conosco. Pode ser expressões, como os mil significados de "fofo" que incorporei de Lucy Jones, alegria interminável da qual compartilho com Lana Banger ou uma empatia instantânea como a que senti por Lina. E pra ficar só no exemplo das Jones.

A cada vez que lembramos de determinado acontecimento ou pessoa e aquele sorriso ou no melhor dos casos a vontade absurda de começar a rir querem aparecer é como se a pessoa envolvida estivesse presente, fosse um pouco parte de nós.

Normalmente só costumamos dizer isso em ocasiões de perda "não se preocupe, vou estar sempre com você aí no seu coração". Mais uma cena piegas mas inevitavelmente emocionante, cena de filmes, em homenagem ao novo amigo cineasta e que adora encontrar essas imagens no blog. Enfim, o ponto em que quero chegar é que não são só as pessoas queridas que têm esse poder.

Uma vez, há uns bons anos, perdida como sempre, resolvi perguntar para uma moradora de rua se o ponto de ônibus mais perto ficava para a esquerda ou para direita da enorme Avenida Santo Amaro. A moça (outra expressão roubada de Lucy, já que a mulher tinha quase tantos cabelos brancos quanto negros) não deveria falar com alguém há muito tempo tal foi a felicidade e a obstinação com que me respondeu. Só faltou dizer, naquele linguajar meio enrolado, quantos passos demoraria para chegar até o ponto. Na verdade, ela pode até ter dito. Lembro que não entendi nada da explicação. Lembro também do hálito horrível de quem está há muito tempo sem comer ou escovar os dentes. Mas mais do que tudo, lembro do sorriso dela enquanto eu agradecia pela décima vez e ia para a direção que - acreditava - ela tinha indicado.

Para quem não sabe, parte do meu nome - Marie - foi escolhida em homenagem a uma grande heroína dos quadrinhos e principalmente dos desenhos animados. Dentre suas diversas características, Anne Marie, conhecida como Rogue ou Vampira não pode se aproximar das pessoas, pois suga-lhes a energia vital.

Acredito que todos temos essa maldição. Entretanto, em vez de sugarmos somente, absorvemos e doamos experiências, hábitos, alegrias e tristezas. Somos altamente influenciados uns pelos outros. Por isso não é raro quando ver alguém chorando e sofrer aquele aperto no peito sem nem saber porquê. Ou então ouvir uma gargalhada e - ah, como gosto desse som - sentir o dia todo se iluminar.

Adoro pessoas. Adoro conhecê-las. Por mais que a conversa seja de cinco minutos, sempre há uma característica que você leva junto contigo. A mesma pessoa poderá seguir n caminhos durante a vida dependendo do contato que ela tiver com a sociedade. Essa é a graça do jogo e por isso acho muito bom conhecer o máximo de gente possível. Dos mais diversos tipos. Quando tinha cinco anos me minha mãe me colocou no balé - perdição total -, quem ia me imaginar no rugby???

7 comments:

Anna said...

Que bom que ainda existem pessoas que se sentem maiores pela mínima experiência em nosso dia-dia.
E que dão valor aos pequenos gestos :)

PS: Rugby não é ballet moderno? Não é arte?

Unknown said...

Prazer... Sou mais um "rosto lindo" desconhecido...

Fábio said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Fábio said...

Empatia é um sentimento que vivencio bastante. Nada como o contato com pessoas únicas, como quaisquer outras em uma cidade como a nossa...

Ótimo texto...

Beijos...

Lucy Jones said...

Nossa... tô sem inspiração...

então somos nada mais nada menos do que uma mistura das pessoas que convivem conosco. Sejam pais, amigos, namorados, colegas de trabalho...
Só posso dizer que se eu tiver um pedacinho de cada uma das pessoas maravilhosas que posso dizer que tenho como amigas... então não tenho nada mais a desejar!!!

bjinhos

Lina Jones said...

hehe.. engraçado, de alguma forma, achei q o meu comment no outro post, feito pela Lana, se complementou com este post. transmissão de pensamento? tá ocorrendo mt disso comigo..rs

bitocas,

Fábio Félix said...

Às vezes o Rugby também dá sorte...

Ah, e participe do meu texto de Segunda...Engraçado: estava pensando em algo bem parecido quando escrevi ele.

Beijos, Jones