Monday, August 17, 2009

Festa pra (quem não quer ficar) solteiro

Quando olhei meu e-mail, quase um mês depois, vi que tinha recebido vários convites pra festas de solteiros. Até aí, normal. Desde o colegial que virou tradição entre meus diferentes grupos de amigas sairmos no dia 12 de junho. Enquanto todos os casais apaixonadíssimos comemoravam o dia dos namorados, a gente arranjava uma desculpa pra sair, o que podia ser desde um lanche no McDonalds a uma baladinha só pra gente desimpedida. Aliás, essa era a principal qualidade de se sair nessa época: entre os 365 dias do ano, o 12 de junho é definitivamente o mais improvável de se conhecer alguém comprometido. Isso porque 90% deles passam a noite com suas respectivas. Quem vai pra night é porque tá sozinho; por vezes, desesperado (será?).

A primeira parte da frase acima é minha mesma. A segunda, sobre o desespero, do povo com quem estava trabalhando. Coincidência ou não, no dia 13 junho, mesmo sem nenhuma relação com santo Antônio ou qualquer data especial, aconteceu no cassino de Townsville uma relativamente grande festa pra solteiros.

Como é padrão no Jupiters, a festa incluía boa comida, boa bebida e música animadíssima, que ia de flashback aos novos hits da rádio. A diferença só era perceptível por dois items: pilhas de bolachinhas de chopp espalhadas pela festa com os dizeres "call me" e um espaço pra completar com contato; e uma etiquetinha colada na roupa de cada um dos convidados, com o nome de algum personagem conhecido - mas essa parte da brincadeira eu demorei pra perceber. Foi só quando o amigo de Marco Antonio perguntou se meu nome não era Cleopatra é que caiu a ficha. Até então eu achava que a etiqueta mostrava o verdadeiro nome das pessoas, mas nem estava olhando muito. Se tivesse, provavelmente teria estranhado um cara chamar Sapo Krog ou outro chamar Helen (em homenagem à apresentadora americana de TV, assumidamente lésbica).

Australiano tem um jeito diferente de flertar, mais demorado, por assim dizer. Eles conversam, por vezes pedem o telefone, mas é tudo bem gradual. Por isso, o jeito mais comum pra eles começarem a namorar é mesmo pela internet (o que no Brasil poderia ser considerado muito mais desespero). Já australiana é bem diferente. De uma personalidade bem forte, por vezes são elas que dão o primeiro passo. Não só chamam pra sair e pedem telefone como também beijam meninas sem o menor pudor e dançam se esfregando em diferentes caras, tudo isso mesmo com o namorado do lado (o que às vezes causa confusão - entre os dois meninos, já que elas saem ilesas).

Na festa, diferentes gerações se encontraram. No começo, todo mundo se segurando, cada um num canto. Mas daí, a bebida servida a rodo vai fazendo efeito e o povo se solta, dando em cima não só dos convidados, mas também em parte do staff. Enquanto os homens pediam telefone ou simplesmente davam seus cartões, algumas mulheres conseguiram assustar os garçons de tanto que provocavam (e por vezes beslicavam) quando eles passavam do lado com a bandeja. Em um ou dois casos a mulher simplesmente avisou que iria embora com o garoto naquela noite. Não importava que dissesse ter namorada, ela iria embora com ele.

Apesar do (confirmado) desespero, o clima foi de uma descontração dificilmente vista nas functions. Em um momento de distração, um dos convidados agarrou minha bandeja e saiu oferecendo folhados de carne (chamados de beef weellingtons) pelo salão. Ótimo pra mim, que não agüentava mais carregar a bandeja de louça, enorme e pesadíssima, melhor ainda pra ele, que disse ter conhecido muita gente nos 5 minutos que eu fiquei papeando.

Como era de se esperar numa festa de faixas etárias tão diferentes, nem todo mundo voltou feliz pra casa, mas até que aparentemente um número bem considerável de pessoas conseguiu se arranjar - o que, ao contrário do Brasil, não significa agarração. Nos cantinhos, só um ou outro casal. A maioria ficou só conversando, sorrindo, num flerte gostoso que só. Um deles era o mais bonitinho, um par mais velho, tanto ele quanto ela com uns 50 anos pelo menos, simpaticíssimos e cabeça aberta o suficiente pra pagarem $75 numa festa sem ter idéia do que iriam encontrar.

A única chata de trabalhar nesse tipo de festa é que não se sabe o que acontece depois. Garçons, garçonetes e bartenders participam do começo, por vezes dando uma de cupido com o drink no lugar da flecha. Agora se dá certo ou não, vai saber. Anjo só dá o empurrão inicial. Pra finalizar, a conversa é com o santo.

1 comment:

Laís said...

Não me conidou pra essa festa pq,posso saber: