Monday, January 05, 2009

O clima muda e a cidade não continua a mesma

Não vá embora antes do final do ano; Perth é uma cidade no inverno e outra no verão. Isso era o que as pessoas me diziam desde que cheguei na Austrália, normalmente depois de me perguntarem se eu estava achando o lugar muito parado.

O calor em Perth costuma chegar em outubro. Em dezembro, a temperatura freqüentemente ultrapassa os 40 graus. Nesse ano, demorou pra vir o tal calor, mas ele veio. E junto com ele um monte de gente na rua e de eventos na cidade. A primeira mostra foi em outubro, ainda sem calor, quando a cidade se movimentou por dois acontecimentos esportivos. O primeiro deles, Red Bull Air Race, in Perth. O segundo, no outro lado um pouco mais ao sul do país, a Melbourne Cup.

Perth é uma das etapas mundiais da corrida de aviões. Por semanas vários outdoors anunciavam a competição. Durante todo o dia, aviões faziam um de cada vez um monte de acrobacias em um circuito em cima do Swan River, rio que limita o centro de Perth. Quem quisesse, pagava a entrada pra ver tudo de pertinho, mas a maioria preferiu dar só uma olhadinha, por uma meia hora, sentada, de longe, de graça, do outro lado do rio.

O outro evento, Melbourne Cup, é uma corrida de cavalos que atrai milhares de pessoas todos os anos. Os torcedores, ou apostadores, vão vestidos a caráter. Homens com terno e chapeuzinho de gangster e mulheres de vestido de festa e chapéus ou arranjos enormes na cabeça. A diferença é que a tradição não se restringe ao jóquei. No dia da Melbourne Cup, as pessoas vão trabalhar com essa espécie de fantasia e se reúnem em bares ou restaurantes na hora do almoço para assistir às corridas, que ao todo não duram mais do que duas horas. O bolão é feito entre amigos, mas os restaurantes ajudam com um prêmios para o melhor chapéu. Depois disso, algumas pessoas voltam pro trabalho, mas a maioria mata o resto do dia bebendo no bar em questão, o que faz do evento quase um feriado nacional.

Mais do que o jogo em si, australiano gosta do ambiente, tanto que outro esporte famosíssimo é o criquet (versão profissional da nossa brincadeira de Taco). Existem três modalidades de criquet. Na mais longa delas, Austrália e África do Sul passaram cinco dias entre Natal e ano novo, de 4a a domingo, das 11h às 18h aproximadamente, fazendo uma mesma partida. Se fosse no Brasil, nunca que um jogo desses atrairia gente. Aqui, as pessoas pagaram ingresso e encheram o estádio pra assistir sentados na grama ou na cadeirinha à disputa interminável - que terminou com vitória sul-africana.

Por fim, verão também é música, shows e festivais. Cada suburb (o que pode ser entendido como bairro ou cidade) tem o seu festival. Normalmente isso significa lojas abertas até mais tarde, palcos com showzinhos e alguns desfiles de carros alegóricos, o que lembra bem vagamente as escolas de samba de cidades do interior. Todos os festivais têm a presença de uma escola de samba supostamente brasileira, já que australianos cada vez mais se identificam com o samba, e passistas que acabam a fama de que brasileiras são as mais bonitas do mundo.

Como verão também é época de férias escolares, o centro da cidade vira praticamente um show de talentos. Crianças ocupam o calçadão do shopping e cantam, tocam flauta de sopro, violino, dançam, fazem embixadinhas. Tudo pra ganhar algum dinheiro. À noite, as ruas lotadas completam a mudança. Mesmo por que com o sol se pondo às 9h da noite e um calor de mais de 20 graus não dá pra ficar em casa.

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