Thursday, January 10, 2008

This is so last year

Sabe aquele poema que postei recentemente (post "Tá na hora de escolher a calcinha"), de Carlos Drummond, que fala sobre a renovação, virada de ano e tal? Acho que deveria tê-lo guardado para colocar no começo do ano.

A gente costuma terminar dezembro com mil planos, faz inúmeras promessas, mas confesso que tinha me esquecido de uma parte: é frustrante chegar dia 2 e perceber que tudo continua a mesma coisa. Apesar de estar com um ânimo novo pra mudar os rumos, a realidade continua a mesma e dá uma preguiiiça pensar no trabalho que vai dar pra alterar tudo isso.

Lucy me disse recentemente ter ouvido de uma amiga que ela estava numa fase única, em que pode levar a vida dela pra onde quisesse, começar do zero, sem amarras. Ela percebeu que é verdade e talvez tenha ganhado um pouco de ânimo com a constatação. Um ano inteiro em branco a ser escrito. Já no meu caso, é horrível chegar em São Paulo ainda com o cabelo duro de Cidra derramada, depois de 19 horas de viagem, e perceber que o trabalho continuava o mesmo, apesar de um ambiente diferenciado, que as pendências de 2007 (pendências, também segundo Lucy, é uma palavra que faz a gente se sentir muito adulto) também continuavam as mesmas. Os problemas que a gente escuta, as conversinhas, os casos mal resolvidos. Todos esses foram levados para 2008, tais como cachorros que levam suas pulgas consigo quando mudam de casa.

Esse ano, como já contei pra muita gente, não fiz promessa alguma, pois assim não preciso cumprir. Aliás, depois daquele show de "eu conheço simpatias" dado em posts recentes, me rebelei, mesmo que inconscientemente, e a única simpatia que fiz foi pular 9 ondinhas (sete pra mim e mais duas, que me atrapalhei na hora de fazer os pedidos e cedi para um amigo que preferiu não molhar os pés). Mas essa história, junto com algumas outras aventuras de Patty e Lina no ano novo, fica pra depois.

Se você faz uma promessa, deve ter determinação para levá-la ao fim, senão não tem por que prometer. Determinação, pra mim, pode ser tanto uma virtude quanto um vício. E a minha, de tão forte, fica bem nesse meio termo. Quando decido que vou fazer alguma coisa, não páro até conseguir. Bato a cabeça no muro quantas vezes forem necessárias, até o concreto cair ou, por um motivo qualquer, eu achar que não vale mais a pena. Normalmente, esse motivo é o tempo. Se demorou muito pra dar certo, perde a graça. Um exemplo são os exercícios da academia (que recomecei). O pior deles é a esteira. Não tem fim! Você não vê um fim... correr tem todo aquele charme de ser um esporte que tá na modinha, as pessoas vão a parques uniformizadas, mas... você tá correndo por quê? A pergunta é tão sem resposta que virou slogan do Nike 10. Mas precisa, eu corro. No começo, até acho divertido. Depois, canso e quando não vejo mais sentido, páro e desisto.

E mesmo que hoje não me arrependa, confesso que fiquei um pouco frustrada quando desisti de alguns dos meus planos feitos no ano passado. São coisas que perderam o sentido, importância, ou que simplesmente foram preteridas por algo novo, mais interessante, que mudou o rumo das coisas. Lucy, por sinal, (amiga, essa é a terceira vez que te cito nesse texto, acho que você tá fazendo mais falta do que imaginava rs) costuma dizer que toda escolha implica em uma perda. Frase dura, mas real. E para não ter que desistir de nada neste ano, me frustrar de novo, em vez das tais promessas, fiz desejos bem genéricos. Sete desejos para sete ondas. Mas daí também vem a escolha. O que você deseja para esse ano? Mudar ou continuar a mesma coisa? Eu não tinha percebido até descer daquele ônibus no dia 2, ainda de shorts e uma quase frente única - "quase uma Charlie's Angel", me comparou Lina, já que os trajes e a pele morena em nada combinavam com o dia frio que fazia aqui - mas não fazer planos é decidir que está bom como estava antes e que assim vai continuar.

No dia seguinte, conversando com um amigo querido, que disse não estar se sentindo em 2008, que tá tudo muito igual ainda, notei que a minha situação estava a mesma e que não tinha mudanças em vista. Simplesmente porque tinha só desejos. Muitos desejos, alguns até contraditórios.

No Natal, algumas mães têm o costume de fazer os filhos darem os brinquedos parados, já que ganharam novos. Senão, o armário fica cheio e não se aproveita nem um nem outro. Acho que é essa a idéia. Na hora de fazer novos desejos, na praia, esqueci de jogar alguns fora. Antigos se confundiam com novos e tudo aquilo só trazia uma frase para minha cabeça: this is so last year. Por fim, vieram algumas ações de ano novo e, consequentemente, desejos antigos foram jogados fora ou, pelo menos, encaixotados lá no fundo do sótão, de onde, quem sabe, um dia voltem, quem sabe, não.

3 comments:

Lucy Jones said...

Amiga... quem anda pra trás não é nem caranguejo... que anda pro lado!

Desejo a gente faz e esquece, que é pra lembrar (e agradecer) quando dá certo. E aí vem aquele extra, que é descobrir que uma coisa que você quis tanto, deu certo!

Acho que o melhor é traçar objetivos e correr atrás deles. Já que, no seu caso, não houve promessa alguma.

Feliz ano novo, querida!

Bjos

PS: Feliz de ter sido citada tantas vezes!!!

Ariel Jones said...

Determinação? Eu chamo de cabeca durismo, hehe.

Fábio said...

Espero poder dizer o mesmo...

Acho que as coisas estão caminhando para isso...

Beijocas...