tag:blogger.com,1999:blog-329788772024-03-13T14:26:17.275-07:00.: Era uma vez, à noite :.Garotas empolgadas, em algum lugar, naquela balada, numa mesa de bar, em alguma sala de cinema, em uma viagem ou simplesmente na casa de alguém. Afinal, elas são <b>AS JONES!</b>Annahttp://www.blogger.com/profile/11239915330428535708noreply@blogger.comBlogger132125tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-49106745969415549752011-11-25T13:45:00.000-08:002011-11-25T13:45:51.996-08:00Entre a segurança e a paixão<div style="text-align: justify;">A vida é feita de escolhas e na maioria das vezes essas escolhas não são fáceis. Assim, espera-se que em determinado momento da vida você já tenha aprendido o truque e consiga fazer uma opção sem hesitar tanto.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aos 28 anos, já se conhece as próprias necessidades, o que combina com você e o que não dá certo. Mas quem disse que isso torna as coisas mais fáceis? Que o diga os geminianos, mas não só com eles. O ser humano, as mulheres, principalmente, têm necessidades diferentes todo dia. Às vezes, ao longo do mesmo dia. Pesquisas demonstram que até o tipo de homem preferido depende do nível hormonal ou do ciclo da menstruação. Por isso, as duas horas escolhendo roupa, os 30 minutos olhando um cardápio ou os incontáveis minutos decidindo o que comprar em uma banca de revistas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com emprego, não é diferente. É comum a gente saber o que não quer. E frequentemente esto está relacionado com o tipo de trabalho que temos no momento. Se trabalha muito, quer algo mais tranquilo. Se está seguro, acomodado, quer desafios. E quando não aguenta mais tudo, só quer algo diferente. Essa, pro sinal, seria a situação mais simples, se não fosse tão complexa. Diferente é amplo e inclui desde o bom, seguro e promissor até o apaixonante e desafiador.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nesta semana, disse alguém no twitter que maturidade é quando você não faz as coisas que sabe que não deveria. Amor, segundo a cultura popular, é perene, seguro, mas não tem a excitação de uma paixão. E é aí que vem a prova. Neste mix de sentimentos, eu me pergunto se finalmente estou pronta para ser madura. Para quem jurava ter deixado a Terra do Nunca, a grande verdade é que o apaixonante ainda me atrai.</div>Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-28328266757723842732011-06-23T20:13:00.000-07:002011-06-23T20:47:16.312-07:00True loveEste post está fadado a acontecer já há algum tempo... Mas despedidas, festas e provas me impediram de fazê-lo antes.<br /><br />Antes de uma amiga cruzar o mundo para fazer MBA, reunimo-nos, o trio inseparável do colegial, para um chá de despedida. Na conversa, homens... claro! Uma do grupo acabara de conhecer um candidato a crush e a outra, como podemos dizer, em uma fase atípica - ou nova - pós dispensada meio traumática. Assim, discutiam elas entre ser "desinteressada" ou se jogar de uma vez.<br /><br />Claro, não houve nenhum veredicto, mas ficou uma pergunta no ar - um tanto filosófica, devo dizer -, será que é possível realmente amar alguém ou sempre nos apaixonamos pela idéia que fazemos das pessoas?<br /><br />Será que é possível realmente conhecer alguém? Eu posso falar por mim... há muitas coisas sobre mim que acredito que nem mesmo pessoas muito próximas saibam. Eu mesma não saberia responder muitas perguntas sobre meus irmãos... e quem pode dizer que não os amo?<br /><br />Acredito que todos temos filtros. A criação, as experiências... tudo muda um pouco a maneira como vemos o mundo. Então, esses filtros também funcionam em relação às pessoas que vemos, eles vão ditar o que selecionamos da realidade para formar o nosso conceito sobre aquela pessoa. O que significa que raramente vemos o todo.<br /><br />Quando a discussão abrange relacionamentos românticos a coisa fica ainda mais insana. Em relacionamentos, há mais aparências do que nas amizades, mais tabus e menos reflexões sem sentido... <br /><br />Então, será que é possível conhecer realmente alguém? É possível amar sem conhecer? E, usando o super clichê, por quantas pessoas você colocaria sua mão no fogo?Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-9515768977490603582011-06-22T15:59:00.000-07:002011-06-22T16:22:54.340-07:00Alegoria de mim mesmaEra uma vez uma menina, talvez já não tão menina, que gostava de abraçar o mundo. Em casa, entrava, e, enquanto era recepcionada pelo cachorro, dava, sem olhar, um leve empurrão na porta que tinha acabado de atravessar. De propósito ou não, ela empurrava mas não fechava e a passagem para o corredor permanecia encostada até que outra pessoa da família resolvesse completar o serviço. O que isso significa? Possivelmente uma grande incapacidade de fazer escolhas.<br />
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Apesar do que diz Lucy, de que cada opção implica em uma renúncia, a menina preferia ignorar a física e só adicionava elementos à sua rotina de 48 horas diárias, se virando em mil para não abrir mão de nada. Além da amiga, seu pai também dizia “quem faz de tudo não faz nada direito”, mas a menina não ouvia. <br />
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O mundo que ela juntava com tanto gosto só crescia e pouco a pouco se tornou impossível segurá-lo, dada a circunferência e o peso da massa de objetos, pessoas e atividades reunidos. <br />
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Para não deixar nada cair, ela apertou cada vez mais seu mundarel de coisas, segurando tão forte que ele explodiu e, ao explodir, o que era um globo aumentou de tamanho e se transformou em uma grande cuba, oca, que logo foi preenchida com pequenas representações do que ela mais gostava, tal qual uma enorme piscina de bolinhas. <br />
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Eram bolas de rugby, amigos de time, colegas e livros da faculdade de Letras, amigas da faculdade de jornalismo, pessoas queridas que vieram da infância e outras que vieram do trabalho, família, um cachorro novo, mocinhos do passado e do presente, um curso de História em Quadrinhos, uma atividade de enduro a pé, um mochilão de um mês, uma bicicleta meio largada e até um treinamento para a brigada de incêndio. Tanta coisa que deixaria qualquer um tonto e, muito embora fossem só espécimes sensacionais – na maioria das vezes, pelo menos – o excesso de informação fez com que o mundo da menina ficasse descontinuado, espalhado, absorto naquele caos de coisas divertidas.<br />
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Durante a explosão, alguns objetos se perderam, como as aulas de ballet ou de windsurf (pagos, mas nunca feitos). Outros, apesar de estarem dentro da cuba, ficaram distantes. <br />
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Como se descobriu depois, as bolinhas têm o mesmo efeito de uma areia movediça. Por mais que se mexa é impossível sair do lugar. E a menina, que no começo tentou em vão dominar sua própria rotina, desistiu e se acostumou a fazer suas atividades tão queridas de vez em quando somente. "O que para der, maravilha. O que não der, bom também". Afinal, chega uma hora que nem Hiro Nakamura aguenta conciliar tudo no varal do tempo.<br />
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Isso continuou por quase seis meses, mas eis que até o caos virou rotina e ela, cansada de fazer malabarismos com uma amarra de ferro em cada braço, mergulhou fundo e quebrou a parede já trincada da enorme tigela. Era uma saída, mas talvez não uma solução. <br />
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Tal como Alice, a menina e seu mundarel de coisas foram caindo, caindo, caiiiiindo... assim como ela, que caiu no sono. Quando acordou, estava deitada no chão, em grama verde e céu azul pintado de lápis de cor. Os ícones, representando suas coisas tão queridas, jogados. Alguns pertinho - porque ela fez questão de segurar junto ao peito na descida - outros, tão longe que mal dava pra ver. <br />
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Era hora de recomeçar. Começar a catar todos os elementos e assim, como em qualquer arrumação de começo de ano, separar o que fica, o que é lixo e o que pode ser doado ou reciclado. <br />
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Alguns desses trechos, só para ajudar, ela teria de fazer a pé. O carro, representado pela carteira de motorista com excesso de pontuação, se perdeu no meio do caminho e não se tem ideia de quando volta. <br />
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No começo do percurso, que poderia muito bem ser de tijolinhos dourados, ela vê no chão um jornal, com o horóscopo do período: “ótima fase para reflexão; aproveite para decidir o que quer priorizar daqui pra frente" e pensa, "é, bem-vinda ao retorno de Saturno”.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-67839471150904348402011-03-02T15:52:00.001-08:002011-03-03T10:37:36.889-08:00Universitária againQuando meu pai me deixava na frente da Unip, um japonês bem magrinho com jeito de no máximo 17 anos descia do carro da frente. A piada era tão óbvia que decidi simplesmente abstrair. Meu pai, por outro lado, não teve o mesmo bom senso. Antes do japa terminar os cinco passos que separavam o carro de sua mãe da calçada, papai já olhava pra mim e, entre muitas risadas, soltou “olha aí onde você vai se meter... certeza que é isso que você quer? <br />
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Lógico que não. Certeza era a última coisa que eu tinha. Mas, já que tinha feito a inscrição, vamos fazer a prova né? E dessa mesma forma, já que passei da 1ª fase com meus incríveis 45 pontos, metade do total possível, porque não fazer os outros três dias de teste? E de “por que não” em “por que não”, eu me transformei em uma entre os 849 aprovados em Letras na Universidade de São Paulo deste ano.<br />
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O primeiro “por que não” foi no impulso. E depois ainda dizem que taurino não gosta de mudanças. Vai ver a proximidade cada vez maior dos 30 (ok, falta mais de dois anos, mas mesmo assim) está fazendo meu querido signo solar abrir espaço para um animal meio homem meio cavalo, daqueles bem chucros que de repente faz o que dá na telha, porque foi bem assim. Um dia estava entediada procurando alguma coisa divertida pra fazer. Curso de redação criativa, voluntariado em alguma ONG... enfim, qualquer coisa pra ocupar o restante das 48 horas que eu cismo que meu dia tem. <br />
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Assim, depois de uma busca um pouco frustrante penso “por que não outra faculdade?”. Por duas vezes depois de formada já tinha prestado história, mas em nenhuma delas consegui me dedicar o mínimo que fosse pra ter chance de matrícula (na segunda, na verdade, nem fiz a prova, depois de, no dia do exame, perceber que se não tinha estudado nada, era porque não era que bem isso que queria).<br />
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Dessa vez, como sabia que com campeonato no Uruguai e um trabalho cada vez mais intenso não teria mesmo chance de estudar, resolvi ser sincera comigo mesma e prestar uma carreira um pouco mais fácil. A mais fácil, se é que me entende. Apesar de ser extremamente bem conceituada, a faculdade de Letras da USP não é algo assim... difícil de entrar. Com suas mais de 800 vagas, a nota de corte da 1ª fase é de apenas ¼ do exame, o que me deixa um pouco apreensiva em relação aos colegas de classe. Mas, enfim, o que estou dizendo? Assim como eu, grande parte pode ter decidido simplesmente pela facilidade de prestar o curso mais fácil da instituição.<br />
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Quando olhei o site pela 2ª vez, era o último dia para inscrição e pagamento. Lógico que só podia ser um sinal. Paguei. E foi aí que começou a minha enxurrada de “por que nãos”.<br />
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Quase duas semanas depois do começo das aulas, essa foi a primeira vez que fui à escola. Não para assistir à aula, mas para dizer que, sim, eu confirmo minha matrícula. Ao contrário do que imaginava, não havia mais trotes ou bares. Todo mundo já está dentro das salas. A recepção dos alunos pelo visto ficou restrita à tal calourada – semana de integração à qual eu obviamente faltei. Se fosse há dez anos, quando prestei meu primeiro vestibular, dificilmente teria perdido um só dia dessa programação. Teria voltado todos os dias para casa semi-bêbada, feliz de ter conhecido um monte de gente que – desde sempre avoada e com memória fraquíssima – não ia lembrar mais o nome ou o rosto no dia seguinte. <br />
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Hoje, vou para o trabalho logo depois da aula sabendo que é possível faltar de vez em quando sem perder uma quantidade irrecuperável de conteúdo; que ir pro bar durante o trote é ótimo mas não é de longe a única maneira de conhecer as pessoas na faculdade e, por fim, acreditando que muito mais vale aproveitar poucas matérias durante o ano – coisa impossível em faculdades pequenas como a Cásper – do que se formar no menor período possível fazendo todas as matérias de qualquer jeito, louca para receber logo o tal diploma. <br />
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Nada de arrependimento. Faculdades diferentes, épocas diferentes, interesses diferentes. Assim começa meus possíveis nove anos low stress de FFLCH e, como diz a loira-quase-J., nossa próxima fase de baladas universitárias. Se der certo, quem sabe não me junto a Lucy e começo a ter eternamente 21?Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-19892316650079792802011-02-24T09:26:00.000-08:002011-02-24T11:35:11.851-08:00emergências fashion e afins...Começo dos anos 2000, comprei uma saia jeans com fenda frontal para não passar mal de calor usando calça jeans no verão de São Paulo. Quem se lembra dessa época, lembra que o "in" eram saias compridas até os joelhos, justas ou plissadas. A minha, no caso, era do primeiro tipo.<br /><br />Desci do ônibus e, na minha pressa diária de chegar ao trabalho, fui andando àqueles passos largos de irmão mais velho até o outro ônibus. Sentei e começei a sentir que a saia já começava a lacear, deixando minha passada menos impedida e as pernas, já suadas, menos grudadas.<br /><br />Segundo ônibus deixado e entro na empresa para meus afazeres diários. Assim que sento na cadeira ouço um rrrrhhh e minhas pernas ficam mais livres... algo está errado... laceadas não fazem rrrrhhh. Olho para baixo e a fenda frontal da saia já está pelo menos meia fenda mais comprida. F****!<br /><br />Corro pro banheiro para analisar o estrago sem que todo mundo veja que estou analisando o estrago. De alguma maneira, o que quer que estivesse segurando a costura... não estava mais. É, f****!<br /><br />Já que tufos de papel higiênico não resolveriam o meu problema, voltei para a sala e olhei em volta procurando socorro feminino. É... bem... se alguém teria a solução para o meu problema, seria uma mulher, já que em uma carteira não cabe muita coisa.<br /><br />Meu primeiro impulso foi recorrer ao departamento de arte... e só o que havia era uma fita crepe. Ok, resolvo com a fita e depois investigo se há alguma outra fonte mais prevenida.<br /><br />Voltei ao banheiro, fechei a porta, tirei a saia e, como uma cirurgiã, remendei o estrago com a maior quantidade de fita possível. Saí andando como uma gueixa... e perfeito! Talvez eu pudesse mesmo passar o dia assim.<br /><br />Sento na cadeira... ok.<br /><br />Me chamam para aprender algo junto com um funcionário de arte. O aprendizado requer que eu me sente ao lado do instrutor. Sento, começa a instrução, e bem discretamente desço o olhar até a minha coxa. É então que vejo a fenda totalmente aberta e a fita aparecendo como um saiote de múmia por baixo dela. F**** de novo.<br /><br />Claro que nem me lembro do que eu tinha de aprender, já que passei o tempo todo verificando a fenda e tentando ajeitá-la ou escondê-la debaixo da mesa.<br /><br />O dia todo was a blur... (sorry, não tem outra expressão que encaixe melhor). O suor frio cada vez que eu tinha de levantar ou sentar, a constante checagem da saia... Péssimo, não desejo pra ninguém. E a situação era que nem para casa eu poderia ir, já que ainda tinha de ir para a faculdade para só depois ter minha condução. Também não havia ninguém pra me socorrer já que eu era nova na cidade e morava no interior.<br /><br />No fim das contas, Any Any conseguiu que eu assistisse aula sem que outras pessoas tivesse de assistir ao meu pequeno constrangimento, e eu passei a carregar agulha e linha como ítem fundamental na minha carteira - coisa que Patty bem sabe, já que num Juca ela não acreditava que eu tinha o kit em meu poder.<br /><br />Na hora, a gente pensa que esse tipo de coisa só acontece com a gente, mas a verdade é que praticamente todo mundo já teve alguma emergência fashion de arrepiar os cabelinhos da nuca.<br /><br />***<br /><br />Essa história me veio à mente esses dias ao imaginar o que eu sentiria se, pressionada por policiais, fosse revistada à força... tendo parte da minha roupa retirada sem a minha vontade.<br /><br />Você ser coagida a fazer algo, no sentido da coação legal mesmo, em que a pessoa pega na sua mão e te faz fazer o que não quer, já é algo que me tira a razão de tão contra a minha natureza que é. Agora, juntar isso ao constrangimento de mostrar aquilo que ninguém deveria ver para uma sala cheia de gente - e após para o Brasil inteiro - é simplesmente um crime.<br /><br />Fico chocada ao ler as declarações de corregedores dizendo que os delegados - no caso da escrevente que teve a calça retirada à força - estavam agindo dentro do poder da polícia. Peraí, daonde eu venho a Constituição Federal é maior que seja lá que raio de procedimento eles estavam seguindo. E de acordo com ela, em nome da dignidade, a moça tinha direito a mostrar a famosa "periquita" apenas a policiais e delegadas mulheres.<br /><br />Mãs não pensem que porque eu acho que os delegados estavam agindo de maneira brutal que vejo a moça como pobre coitada. Se eles não souberam agir, ela provocou a ira... e, claro, era culpada do crime do qual era acusada. Afinal, a propina tava lá escondida nas partes íntimas.<br /><br />Como diria a minha mãe, um erro não justifica o outro. A fofa deve sim responder - e ser condenada - pelo crime. Mas pelos seus próprios delitos também devem responder os delegados. E, acredito, não apenas eles, mas a polícia como um todo, já que não é de hoje que vemos atrocidades cometidas por quem acha que é a lei. Veja bem, lei é lei, não está personalizada em uma pessoa. Isto se chamaria tirania. E de tiranos a história já está cheia.<br /><br />Agora, o pior mesmo foi a fofa gritar que o dinheiro - encontrado entre suar partes íntimas - não era dela. Se não era... quem foi que colocou ali... e ela nem percebeu?!?Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-44010175983915124072011-02-15T16:24:00.001-08:002011-02-15T16:33:51.373-08:00AlwaysPor que será que toda série que a gente nunca mais vai ver termina com always?!? Um pouco contraditório demais, não é não?<br /><br />Esse ano começou com o fim de não apenas uma de minhas queridas séries... o adeus foi para Life Unexpected e (snif) Friday Night Lights.<br /><br />A primeira começou bem, deu uma desandada entrando em vários clichês muito batidos e terminou do jeitinho que eu queria. Só fico com muita pena de não ter visto a transformação mágica de destinos desencaminhados em hapily ever after... teria sido uma história bem melhor do que a segunda temporada inteira!<br /><br />Já a responsável por me fazer querer assistir a jogos de american football... deixará saudade! Apesar de ter sofrido um pouco com uma grande troca de elenco, FNL conseguiu retomar o ritmo e bem acho que tinha material para mais uma temporada... ou várias. E Erick Taylor é, sem dúvida, o melhor husband material ever.<br /><br />Só espero que venha coisa boa por aí...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-41375944977152556142011-02-07T07:25:00.001-08:002011-02-10T04:26:43.441-08:00Otimizando a vidaTudo começou com aquela famosa limpeza de final de ano. Abri as gavetas e joguei tudo o que não queria mais fora. Em seguida, fui o armário, depois as gavetas. Por fim, como não tinha levado as coisas para doação ainda, abri a parte de cima do gaurda-roupa. Sapatos, bolsas, blusas, camisetas, shorts, brincos, bijuteria, papeis (muitos papeis), presentes, lembranças e por aí vai. O que não serve para doação vai para a reciclagem.<br /><br />A partir daí, o bichinho do desapego mordeu de verdade. Fim dessa história de dois celulares. Troquei o Nextel e o celular antigo por um único telefone, modernoso, com acesso à internet e touch (que eu não sei mexer direito). A multa de recisão é carinha, mas colocando na ponta do lápis, vale a pena. <br /><br />Quanto nem mais esperava mudar alguma coisa... um surto e o fim das contas antigas de email! Pra que manter um endereço que só me traz spam? Sem dó, cancelado o Yahoo. Depois, com um pouco de pesquisa, importação do hotmail no Gmail. Um só email, um só celular. Menos tempo perdido, mais fácil de focar o que importa.<br /><br />Inconscientemente, transfiro a tendência para o pessoal. Se cachorro que tem dois donos morre de fome e pessoa que tem dois celulares vive com um deles descarregado, quem não se decide pode até conseguir abraçar o mundo, mas vai derrubar continentes pelo caminho.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-25520265520149559472011-02-03T17:07:00.000-08:002011-02-03T17:13:40.984-08:00Gentlemen, at last!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmgRmgFRNu3cZUGgmpBsywUKy5MLJBZnMJD9592jKcV-lOXKbsrOCdARBnwZm7iK1ThdSHsfn7UgOPTsmVgH-GK-yiFilSFift9nAyEU0y-eJzTxUdsKeCfUNCYYEZ5bmm-dtY/s1600/being+human"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 246px; FLOAT: right; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5569636335876283730" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmgRmgFRNu3cZUGgmpBsywUKy5MLJBZnMJD9592jKcV-lOXKbsrOCdARBnwZm7iK1ThdSHsfn7UgOPTsmVgH-GK-yiFilSFift9nAyEU0y-eJzTxUdsKeCfUNCYYEZ5bmm-dtY/s320/being+human" /></a><br /><div>Finalmente achei uma série britânica que não me dá vontade de passar sabão na tela. O nome do achado é Being Human, e conta com dois fofos difíceis de não se apaixonar!</div><br /><br /><div>Um lobisomen, um vampiro e um espírito dividem um apartamento e a difícil tarefa de tentar ser normais. Apesar do clichê de monstros, o drama explorado tem boas doses de humor e muito carisma.</div><br /><br /><div>Ponto pros britânicos!</div><br /><div></div><br /><div></div><br /><p align="center"></p><br /><br /><div></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-60743150140704348622011-01-30T19:25:00.000-08:002011-02-03T04:19:57.494-08:00Malícia necessáriaApesar de saber que era verdade, era difícil acreditar naquilo que ouvia. Pra não me coçar, brincava com a colher do açaí, olhava pra cima, pra baixo, mas a verdade é que nada conseguia conter minha indignação. Aquilo tudo estava muito errado. Que espécie de homem se deixa enganar tão facilmente? Assim tudo bem, a gente reclama da raça masculina, mas quando uma mulher resolve ser ruim, coitado. E o pior de tudo é que ele nem merecia isso. Afinal, como alguém chega à maturidade ainda tão inocente?<br /><br />Pra situar, eis o resumo: os dois - meu amigo e essa menina - se conhecem no interior. Ele meio tímido, com um pouco mais de 30, ela um mulherão de vinte e poucos. Não ficam. Continuam conversando mesmo depois que ele volta pra São Paulo. Da 1ª vez que vem para a cidade, a pedido dele, ela pega um táxi e o encontra. Na portaria, ele deixa o dinheiro para o transporte, do terminal Tietê até a Faria Lima. Com o preço exorbitante do táxi em SP, pouco não foi. <br /><br />O detalhe é que ele não ganha absurdos. Vive de pequenos patrocínios (é esportista) e do dinheiro dos pais. Mesmo assim, mal começam a namorar e, a pedido dela, já paga as contas (novas e antigas) da menina. Como ele mesmo não tinha muitos gastos, não foi tão difícil, mas mesmo assim. <br /><br />Então, depois de ouvir das amigas dela que ele estava sendo usado, ele dá um ultimato: se é pra eu pagar suas contas, você tem que que se decidir e casar ou pelo menos morar comigo. Resultado: um pé na bunda. <br /><br />As ex-amigas da menina, grande espólio adquirido no período, aparentemente não são muito melhores. Vão pra casa dele da praia e o ignoram. Único homem no meio de quatro meninas, ele fica perdido enquanto elas conversam entre si. Não suficiente, por insistência dele, usufruem de toda a comodidade, vão pra praia desfrutar enquanto o moço arruma a cama (a dele e delas), organiza a casa, faz comida e até passa cera no chão. Absurdo? Talvez, mas ele não se incomoda e diz que gosta de ser util, um bom anfitrião.<br /><br />Na Natureza, os animais criam seus filhos e depois soltam os laços. Na idade adulta, ou o filho já sabe se virar ou morre de fome. É duro, mas é sábio. <br /><br />Já no chamado mundo desenvolvido, assim como o dele, há diversos casos de homens gentis demais, atenciosos demais e carentes ao extremo. São pessoas que sempre foram muito bem educadas, por vez protegidas pelos pais. Tiveram a sorte de não precisar sair de casa ou pagar suas próprias contas e, por isso, se acomodam. <br /><br />Os tais seres bonzinhos demais normalmente não adquiriram a tal malícia necessária para viver em sociedade e por isso acabam se machucando demais. Chegam aos vinte e pouco, trinta com aquele sentimento vazio e acabam se jogando para a primeira pessoa que lhe dá um pouco mais de atenção.<br /><br />Agora, se o oito não é bom, o oitenta é menos ainda. Mulher diz que gosta de bayboys mas é só fachada, ou pelo menos temporário. Pessoas inescrupulosas, que não se libertaram do instinto de sobrevivência também não são boas para o convívio e no fundo dificilmente devem estar em harmonia consigo mesmas. Ou seja, também não são felizes.<br /><br />A discussão é complexa e talvez até inútil. Se vivêssemos em uma utopia, com todo mundo prezando uns pelos outros, ninguém precisaria dessa malícia adquirida. Como isso não acontece, todos têm que desde cedo se preparar para o mundo, por vezes correndo o rissco de exagerar na dose. Como diria Che: "ser duro sem perder a ternura". Esse é o ideal. Ok. Mas, se já é difícil educar um cachorro, sem mimá-lo demais, o que dirá tornar um filho bem criado?Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-75250265681828111422011-01-20T18:12:00.000-08:002011-01-20T18:47:06.193-08:00Strike and strike againHanna Marin (Pretty Little Liars) ganhou mais uns pontinhos comigo. Nos dois últimos episódios da série, ela aparece usando as tendências mais legais do verão: esmalte azul claro e unhas com cores diferentes.<br /><br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 150px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5564462162165202274" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOT63WuV5M42xTsSLh7sSJerUOE7_hpQkAWTDhy2mkI-E4ZSEGV7-zTafvKmF6H-CEzwVYRMvjDPNJ4JizlV0cjygd4MqKdI8-pyRUx2b8xELKPGc6yac6e_ThPKguCDO7LXgZ/s320/hanna1.jpg" /><br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 155px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5564462358688575058" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPMwIUSlSrgro8VpejR35XdAdOIZ9RzHoRKsbgwJIHCpzVjbAb8rr7tR0_-kndpwoShOjA7llDRxqlM8wz8s2XwilLNoxYCOUsfyGx1NBJRnK8z1kHQpTKjceXerD9-3rMLr7j/s320/hanna2.jpg" /><br />A série - e os livros - são mesmo um estouro! Mal posso esperar pelo que vem aí!<br /><br />XOXOUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-30623976933140493282010-09-21T14:18:00.000-07:002010-09-21T14:24:04.703-07:00Quando a realidade supera a ficçãoComo diz Ariel, se nossa vida fosse um filme não seria tão louca. Isso vale para n episódios, mas, para exemplificar, vou me situar em uma determinada semana – a mesma semana mega estressante citada no último texto e que, naquele momento, tinha apenas começado. <br /><br />No sábado, depois de perder o jogo, fui para casa e saí com Ariel e Lucy. Voltei de madrugada, com meu pai acordado, como de costume. Três horas depois de ter deitado, todo mundo acorda.<br /><br />Meu irmão estava na delegacia. Tinha bebido, bateu carro, o motorista veio tirar satisfação. Pra não arranjar briga, fugiu. O cara foi atrás. Meu irmão bateu de novo, justo perto de um viaduto cheio de mendigos. A polícia, que tinha sido chamado pelo carro perseguidor, chegou, mas já era tarde. Ele, bêbado, já tinha saído do carro com os moradores de rua atrás. Tentou pular o muro, caiu no chão. Foi pra delegacia na viatura, recebendo pelo caminho três vezes maior do que o necessário o tratamento VIP reservado a delinquentes.<br /><br />Quando chegamos na DP, o carro estava destruído por chutes e pontapés. O vidro de trás com um buraco do tamanho de uma bola de futebol e vários amassados enormes e profundos nos quatro cantos da lataria. Meu irmão, mancando, todo ralado e com um corte na mão, tinha acabado de voltar do IML, onde tirou o sangue que deve ajudá-lo a perder a carta. No Boletim de Ocorrência, “bateu depois de dirigir embriagado e nada mais".<br /><br />No domingo, preferi nem sair. A bruxa está solta, disse meu pai, completando que quatro situações limite em dois anos (contando com minha tentativa frustrada de enfiar o carro debaixo de um caminhão há cerca de dois meses) não é para qualquer família.<br /><br />Tentando resolver os problemas decorrentes, a semana passou. Demorada, comprida.<br />Na 5ª, enfim, chegou o dia do show. Victor e Leo, o primeiro dos novos sertanejos que conheci, fixação da minha amiga virginiana, comprado pela amiguinha loira do rugby há mais de quinze dias. <br /><br />Para evitar fazer besteira, optamos todas pelo táxi. Na saída, a amiga mais velha ainda comentou o alívio que deve ser para os pais verem os filhos indo de táxi, sabendo que vão voltar seguros, sem o perigo da direção embriagada.<br /><br />Como de costume, bebemos na pizzaria da esquina até pouco depois da meia-noite. Chegamos no início do show, nos perdemos e nos encontramos no final, no fumódromo, possivelmente único lugar onde era possível escutar o celular.<br /><br />A quebra da trilha sonora marcou também a mudança de ritmo da história. O tal turning point, como diria uma ex-professora.<br /><br />Cena clássica prévia a brigas, de repente todas as pessoas começam, cada uma a seu tempo a sair de um determinado ponto, olhando pra trás, se amontoando nas laterais do local. Porém, contrariando o que acontece nesses casos, nenhuma delas olhava assustada para o ponto em questão. Muito pelo contrário, as expressões eram quase de descrença, ou melhor, de desprezo. <br /><br />Enquanto o segurança de 1,90m de altura dava uma chave de braço no infeliz, que nem podia ser visto dado o tamanho do moço que o segurava, o baixinho ali atrás dava pequenos pulinhos para socar o coitado por cima do cara de preto. Cena ridícula. Grande parte do fumódromo começa a reclamar. Afinal, “com o outro segurando até eu bato”. <br /><br />E o moço tinha orgulho disso. A menina, junto com ele, em vez de se envergonhar, diz que ele bate com o outro segurando meeeesmo. Como é que se pode argumentar com alguém que assume ser frango? Enquanto discutia com a garota, levei um soco na testa do próprio cara - soco de menina, de um playboyzinho de duas décadas atrás que nem bater direito sabe. Se soubesse, teria sido mais fácil fazer alguma coisa, mas com um punho daquele, nem marca ficou. Mesmo assim, a vontade era voar pra cima. Enquanto tentava passar pelos três seguranças que "me protegiam" contra o pigmeu, veio outra tentativa de soco, dessa vez de menina de verdade, que de tão fina chamou minha amiga de puta rampeira. Rampeira, não sei, mas o adjetivo com certeza deixou minha amiga puta de verdade.<br /><br />Fui pra fora, decidida a ir pra delegacia. O segurança do cara, que segurava o moço do começo, veio conversar e chorou junto comigo - eu, nervosa por causa da tpm, ele porque não consegue ver mulher chorando. Depois de muito, fui convencida pelo moço que apanhou - que, assim como um monte de outros que conheci recentemente, era tenente da polícia militar - a não fazer denúncia na hora, porque ia me cansar à toa. Mas, já que a viatura estava por ali, a balada tinha miado e eu estava nervosa demais pra dormir, minha amiga descolou uma carona até a casa dela, onde ficamos até as 7h, pra conseguir acalmar da noite agitada.<br /><br />No banco de trás da blazer, minha amiga agarrava o braço do policial, que segurava uma arma em posição, apoiada na coxa direita. Quando, ainda no carro, contei da existência do trabuco, ela assustada, perguntou, já quase confirmando, se estava desengatilhado. "Imagina, tá na agulha! Isso daqui é um alvo ambulante", respondeu o moço, rindo. Era só o que me faltava. Naquele momento, já me imaginei no meio de um tiroteio, dentro de um carro de polícia. Pior do que o risco de ser atingida seria ter que explicar a história toda pros meus pais. Mesmo assim, chegamos ileasas.<br /><br />No dia seguinte, depois de ir até uma delegacia para o tal BO, descobri que fazer denúncias fora de flagrante são mais complicadas do que parecem. Mesmo em delegacia da mulher, que só funciona de segunda a sexta em horário comercial, tem que ir à específica da região, sabendo nome e endereço do agressor. Acabei desencanando. <br /><br />Em vez de passar meu feriado cultivando raiva contra o anão playboy, passeei, descansei, fiquei mais leve. Quando tive tempo, vi algumas das minhas séries favoritas: CSI, NCIS, Bones, Private Practice, Grey’s Anatomy e por aí vai – todas essas policiais ou de emergências médicas. Impossível como não relacionar. Aparentemente, a fronteira entre realidade e ficção está ficando tênue demais.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-33088848743469475022010-08-29T17:29:00.000-07:002010-08-29T17:44:42.896-07:00Um tempinho pra vocêNo aeroporto de Presidente Prudente, sentados na lanchonete, os cinco trocavam lamúrias a respeito dos compromissos que tinham em São Paulo - e que corriam o risco de perder por causa daquele maldito atraso de vôo, que já durava mais de duas horas. <br /><br />O meu, só pra variar, tinha a ver com o rugby. O jogo era às 13h, em São José, o que dava o tempo certinho da minha amiga me pegar às 12h em Cumbica e seguirmos direto pro campo, mas isso já era. <br /><br />Entre os outros, uma das meninas ia pra praia com os amigos e namorado e se lamentava pelo meio final de semana já perdido. Outra, que trabalha para determinado candidato e acabou pagando 600 reais numa passagem alternativa, tinha até as 17h para entregar documentos importantes no TRE. O músico, por sua vez, era esperado em Santo André para fazer a canção de entrada no casamento de seu sobrinho - a cerimônia começava às 18h, mas antes ele ainda precisava ir de Guarulhos até Mogi das Cruzes, para pegar terno e família. Em resumo: todo mundo ferrado. Mas faltava uma. O grupo, então, olha para a última mulher, cuja astúcia e aparente fragilidade remontam a velhinha da Branca de Neve, alguns anos mais nova. "O meu único compromisso é comigo mesma" - disse, de cabeça erguida, mas em tom tranquilo e bem devagar, como de costume, para, em seguida, complementar que "esses são, na verdade, os compromissos mais importantes, não é mesmo?".<br /><br />Eu ri, mas agora, pensando bem, tenho que concordar.<br /><br />Para alguém que visa como principal qualidade uma boa conversa, a possibilidade de ficar num quarto pensando na vida, chorando, ouvindo músicas deprês é simplesmente impensável. Além disso, a ideia de uma existência analisada demais, dramatizada demais, soa, no mínimo, muito, mas muito chata. Por isso, acaba que meus únicos momentos de introspecção são dirigindo ou tomando banho. Desses, como a água não é um bem que eu desperdice sem peso na conscência, sobra o carro. Fechada dentro daquela caixinha de metal, sem ter com quem conversar, as ideias fluem. <br /><br />Se dirigir e escrever fosse tão fácil quanto dirigir e se maquiar, ou dirigir e pintar a unha, esse blog estaria muito mais atualizado. Como não é, só aparece texto novo quando uma das Jones tem tempo livre ou entra em catarse, com um daqueles sentimentos fortes - bons ou ruins - que só assentam quando colocados no papel, fazendo do blog quase uma autoterapia. <br /><br />Um exemplo é esse texto. Há meses tenho tentado me policiar pra escrever mais, retomar os relatos, mas o trabalho, o rugby e as saídas - cada vez mais esporádicas por conta dos dois primeiros - tornam a tarefa mais e mais difícil. Até que hoje, depois de um final de semana com mil contratempos, mesmo com site pra fazer, matéria pra terminar, unha, depilação, bar, decidi parar um pouquinho. <br /><br />O objetivo não era falar de casos singulares de tristezas ou de felicidades (principais inspiradores de textos), mas da importância da gente se dar um tempinho pra resolver essas questões consigo mesmo e, assim, quem sabe, dar o pontapé para a retomada deste lugar tão querido.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-8377414733792672022010-05-16T15:03:00.000-07:002010-05-16T15:08:48.629-07:00Despedindo para voltarOi, Alguém ainda lembra de mim? De qualquer forma - <strong>Prazer, Lana...</strong> Comecei esse projeto com mais três amigas e, por 2 ou 3 anos, abandonei geral o barco.<br /><br />Nesse período, milhões de coisas aconteceram, turbilhões de idas e vindas, quadrilhões de decepções, uma depressão e zilhões de motivos para dar a volta por cima e pensar nos meus próximos 60 anos, pelo menos! Então, resolvi arquivar tudo e começar do zero. Não sei se será aqui esse recomeço mas, de qualquer forma, vou tentar dar uma sintonizada em tudo para organziar as idéias...<br /><br /><strong>Como estão as JONES?</strong><br />Vivas, certeza e acredito que felizes. Mas cada uma ta numa "vibe"... to tentando reencontrá-las, mas tá dificil. Eu tenho uma BOA parcela de culpa porque sempre me falta planejamentopra isso... mas acho que isso acaba acontecendo as vezes, né? Cada um segue seu rumo e se encontra quando dá. Quem tá mais próximo, acaba tendo a sorte de ter esses encontros frequentemente. Mas acho que essa distancia faz dos poucos momentos, inesqueciveis e nostalgicos.<br /><br /><strong>Era uma vez a noite by Lana Banger</strong><br />Uma nova persona, cansada e enjoada de 90% do que considerava "balada" e "diversão" desde os 11 anos de idade. Metida a sabe tudo , busca significados alternativos para essas palavras O ritmo é bem mais lento e com pitadas "malvadas" sobre o que acontece por aí...<br /><br /><strong>Anna Wolt , o alterego</strong><br />Anna Wolt é uma dj, recém formada, decidiu mergulhar nisso de cabeça para, quem sabe, trabalhar (ou ter um hobby) com o que sempre sonhou desde sempre... Ela dará o ar da graça em cada evolução ou conquista. Está em fase de testes ainda, mas sua cultura musical é muito boa - apesar de precisar de muito mais para seu desenvolvimento! Ela ajudará Lana em várias pitadinhas...<br /><br /><strong>Algumas novas e máximas do famoso "a partir desse ano"</strong><br />- Vou cuidar mais de mim MESMO (menos bebida. gordura, e menos... talvez?)<br />- Conhecer a GISELDA - Dizer NÃO para as coisas que eu realmente não quero fazer e sem desculpas (sim, vou me tornar mais antipática... já sei)<br />- Planejamento financeiro: Acho que passei da fase preciso fazer hoje, senão não faço mais. (só acho...)<br />- Viajar mais (conhecer os paraisos que ainda existem antes de tragédias causadas pelo clima)<br />- Tentar frequentar mais lugares heteros (mas OBVIO que não vou pensar duas vezes em trocá-las pelas que ja frequento hoje, tá?)<br />- Me abrir para conhecer alguém que me acompanhe... (não precisamos rotular como namorado por enquanto, ok? isso da medo...)<br />- Enfrentar meus maiores medos (esses eu não falo aqui... hehehehehe) - Voltar a sair sozinha, como nos velhos tempos<br />- Experimentar novos projetos - ajudar em uma ong, doar sangue, aprender gastronomia, moda, etc - Voltar a ser cinéfila<br />- Ler mais<br /><br />Enfim... acho que é isso... por enquanto.<br />Se eu realmente começar esse lance de escrever novamente, mando um novo endereço.<br /><br /><br />Eu me dou boas vindas!Annahttp://www.blogger.com/profile/11239915330428535708noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-29849930891939693792009-12-31T05:13:00.001-08:002010-01-05T18:33:26.472-08:00Is it (so last year)?Na mitologia, a maldição de Cassandra a fazia saber o futuro, mas ser incapaz de alterá-lo. Por não ter o dom da persuasão, Cassandra previu o que acontecia com Tróia, mas nada pôde fazer, senão assisti-lo.<br /><br />Há alguns anos, perdi uma amiga querida por besteira. O fim de um relacionamento, uma pessoa carente que encontra abrigo no colo de outra, tão carente quanto. Eles eram só amigos, mas nós também já tínhamos sido assim uma vez. As coisas mudam, independentemente da nossa vontade. O que eu tinha pedido era só a verdade. Não tem nada, ok, mas então me conta o que está acontecendo. Prefiro saber por você do que por ele. Não contou e antes que aquilo que eu temia se consumasse, eu me afastei. Por mais que não tivéssemos mais nada, preferi não ser testemunha e não sofrer acompanhando os capítulos seguintes daquele reality show, do qual eu já previa o final, mas que todo mundo parecia querer me atualizar.<br /><br />Na época, a besteira foi que, mesmo que não intencionalmente, havia alguém maquinando os fatos, forçando um ciúme. Mas pra quem não sabe sentir essas coisas, o efeito pode ser desastroso: o aparente orgulho esconde uma insegurança que quando vem à tona explode, com o efeito quase de uma bomba atômica.<br /><br />Quatro anos mais tarde, mais ou menos na mesma época, o sentimento se repete. E daí, dá uma preguiça pensar em reviver tudo aquilo, se expor dessa forma e mostrar que de vez em quando até o touro mais forte sente dor. Dizer que está machucado é se abrir, é ser digna de compaixão e compaixão não combina com orgulho, mas acho que estou melhorando nesse quesito.<br /><br />Voltamos ao começo do texto.<br /><br />Hoje, mesmo com a incrível tecnologia, a sina de Cassandra continua. Persuasão à parte, há fatos que ninguém pode alterar. A gente pode prever um desastre e tentar evacuar uma cidade, mas não parar o terremoto. O melhor que se pode, sim, fazer é mudar é a nossa resposta aos problemas, criando novas rotas de fuga, melhorando o sistema de socorro e de comunicação em casos de emergência. E isso em nada tem a ver com prever o futuro, mas de aprender com o que foi feito no passado.<br /><br />Enfim, tais quatro anos depois, finalmente tudo o que tinha de estranho na nossa relação a três parece ter ido embora. Não somos mais amigos, mas parece que não há motivo para que não fôssemos, se assim ainda quiséssemos. Um bom exemplo do passado mostra que mesmo as coisas mais complicadas podem dar certo no futuro.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-13782487331017499572009-12-31T05:04:00.000-08:002010-01-05T18:38:35.861-08:00Pra fechar Oceania, a cultura maoriTestas grudadas e narizes encostados. Os olhos de um, quando não estão voltados para baixo, em atitude reflexiva, miram fixamente os do outro. Uma pausa. Os dois, compenetrados, respiram ao mesmo tempo. Duas vezes. Esse é o tradicional cumprimento maori. <br /><br />O significado? "Vamos respirar a essência da vida juntos". <br /><br />Se eu já estava apaixonada pela cultura neozelandesa, naquele momento fiquei de quatro e sem perspectiva de levantar. Não é à toa que quatro meses depois de ter voltado ainda não tinha escrito esse texto. É tanta coisa que periga do texto ficar cansativo. Mas preciso terminar isso antes do fim do ano e nada mais parecido com clima de final de ano do que a espiritualidade maori (que eles pronunciam máori).<br /><br />Quando saí do Brasil, a Nova Zelândia que eu conhecia era rugby e ponto. Quer dizer, também tinha o lance de esportes radicais – tanto que foi lá que fiz meu bungy jump - e de ser um país muito frio, mas era isso. Porém, conforme fui conhecendo mais gente, percebi que esse povo que se auto-intitula kiwis (em homenagem ao pássaro nacional, que também dá nome à fruta) são muito mais fascinantes do que eu jamais poderia imaginar. <br /><br />Neozelandês é simpático, cordial, expansivo, adooora uma festa e adora beber, então não é muito difícil entender porque todo mundo gosta deles - deles e dos irlandeses, um bando de bêbados extremamente festivos, barulhentos e engraçados, bem ao estilo leprechau. <br /><br />Meu primeiro contato com um kiwi foi com um terceira linha de um time local de rugby union (coisa rara na Western Australia, que ama Australian Football e o Rugby League). Grande, simpático e com um sotaque que me fazia perguntar “sorry” a cada duas frases, o rolinho não suportou os problemas de comunicação (aliás, aqui vai uma dica: sempre que falar com um neozelandês e não entender, troque o som de i pelo de e; depois que você aprender que esquerda é lift, pão é bríd e cama é bid tudo fica mais fácil), mas foi suficiente pra deixar uma boa impressão, confirmada com a minha tal fada madrinha e com uma amiga que conheci em Melbourne. Sem pestanejar, ela me passou o contato do namorado que morava em Welington e que, junto com seus amigos, foi o melhor guia turístico que alguém poderia desejar, pelo menos na capital neozelandesa, grande, desenvolvida e com uma vida noturna invejável. <br /><br />Segundo todos com quem conversei, Welington é a melhor cidade da ilha norte para se conhecer. A 12 horas de ônibus dali, fica Auckland, a maior delas, mas essa não tem absolutamente nada de especial. É uma cidade grande como São Paulo. Com exceção da já citada capital e da histórica Rotorua, o melhor está no sul, onde a própria história é interessante.<br /><br />Diz a lenda que os dois irmãos criadores do povo maori estavam pescando. Por algum motivo eles começaram a brigar e o negócio foi tão feio que tirou sangue do nariz do mais novo. Esse usou o sangue que escorria e limpou no anzol. Com uma isca tão diferente, o que ele pescou não foi um peixe qualquer, mas a própria ilha sul, onde estão todas aquelas paisagens maravilhosas promovidas em filmes e comerciais de TV, tais como a capital mundial dos esportes radicais Queenstown, o santuário de pingüins de olho amarelo e albatrozes Dunedin e a encantadora Christchurch.<br /><br />Ao contrário da Austrália, que suprimiu seu povo nativo e os mantêm como marginais, na Nova Zelândia a história está viva, presente nas ruas. Há inúmeras escolas que se preocupam em passar adiante as características maoris de artesanato e tapeçaria. Não é à toa que mesmo não havendo mais um único maori puro vivo as tradições e lendas continuem presentes no dia a dia, por vezes em forma de amuletos.<br /><br />O tal anzol, esculpido em jade ou em osso, representa um talismã para uma viagem segura. Além desse, existem os símbolos de um bom recomeço, proteção contra maus espíritos, amizade, entre outros. De todos, o que eu mais gosto é o Hei Tiki, uma espécie de bichinho esquisito, sempre com a língua pra fora, que representa a primeira mulher maori. Usado no pescoço, ele mostra um respeito a seus ancestrais, mas também pode ser um símbolo de fertilidade.<br /><br />Com um respeito absurdo pela natureza, para os kiwis, o dente de baleia é mais “valioso do que ouro”. Os maoris consideram as baleias como um presente de Deus e por isso não há possibilidade de alguém matá-la. Se você tem um dente de baleia, como o namorado da minha amiga tinha, é porque encontrou na praia ou porque ganhou de alguém.<br /><br />Apesar de todo esse clima de respeito, os maoris são guerreiros e já foram canibais. O haka, famoso no começo dos jogos de rugby, tem inúmeras funções, mas o cantado antes da guerra era uma maneira de amedrontar os oponentes e por vezes evitar uma luta.<br /><br />E por falar em haka... por falta de companhia, já que não tinha nenhum jogo sensacional que coincidisse com meu roteiro maluco de sete cidades em nove dias, acabei indo sozinha ao estádio. Infelizmente, não estava nem perto de cheio, mas vi um bom jogo. O estranho era como era normal. Sentada ao lado e conversando com a família do recém-contratado primeiro centro, que por sinal jogou muito mal, coitado, vi velhinhos reclamando, xingando, como vi meu avô fazer tantas vezes nos jogos do Palmeiras. A diferença é que aquilo era rugby. Daí fechou. Não tinha como me sentir mais em casa.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-13175252940929496222009-10-09T01:57:00.000-07:002009-10-12T07:16:05.768-07:00Hurra Fiji<i> ou Uma Jones no país que não fabrica chocolate </i><br /><br />Olhos bem amarelos e com uma catarata demarcada pela pupila cinza. O senhor que rezava ajoelhado de frente para a imagem da deusa-elefante me viu sozinha, passeando pelo templo e resolveu compartilhar a história da edifício. Extremamente colorido, o prédio demorou um ano para ficar pronto, já que todo o trabalho foi feito por apenas um homem, que veio da Índia especialmente pra isso. <br /><br />Tão interessante quanto o próprio lugar, era aquele senhor, cuja idade eu não sei, o nome não consegui pronunciar, mas que vou lembrar pra sempre pela forma como andava devagar e pelas palavras que recitava baixinho enquanto não falava comigo. Perguntei se a oração hindu era parecida com a do budismo e ele confirmou - vai ver viciou em evocar mantras.<br /><br />Para entrar no templo hindu de Nadi (se fala Nandi), em Fiji, o visitante precisa pagar uma pequena contribuição, de FJ$ 3,50, mas não é só. Na frente de cada imagem, tem uma caixinha de doações. "Aqui se paga para rezar. Olha só, esse é igual ao ministro da economia", brincou o homem, apontando para uma das imagens de metade bicho, metade mulher, com a caixinha de madeira ao lado.<br /><br />Brincadeiras à parte, não é só para rezar que se paga em Fiji. A população parece menos pobre do que em Bali, mas os problemas, típicos de país que vive só de turismo, são parecidos. Na ilha em si não tem nada para se fazer, o centro é pequeno, os artesanatos e souvenirs não surpreendem e os preços não são baratos. Para piorar, o país tem sido vítima de uma imigração constante, de indianos ´principalmente. O povo vem, trabalha muito, ao contrário dos locais, faz dinheiro e toma conta da economia. Muita gente usou o fato de ser de Fiji e não indiano para que comprasse suas peças, mas diferente de Bali, aqui não é um paraíso de compras. <br /><br />A única vez que comprei alguma coisa foi num mercadinho local, onde levei a réplica de uma máscara usada como escudo na época em que os fijianos eram canibais, o que não faz mais de 200 anos. Pra meu desconforto, todo souvenir que achava bonitinho já teve uma função medonha. Um era o escudo, o outro o quebra pescoços, também tinha o martelo pra quebrar crânios, a faca pra cortar carne humana e por fim, o garfo pra comer o cérebro. Nunca me arrependi tanto de ter perguntado se um artefato tinha história, mas depois de toda a boa vontade do vendedor, não dava pra voltar atrás. Aliás, gostei tanto dele que, quando o moço citou o rugby pra mostrar que ainda existiam fijianos grandes, quase o convidei pra ir no jogo do final de semana comigo, mas a lenda que ele contou a seguir, sobre o como é importante que o homem fijiano seja mais poderoso que a mulher, me fez mudar de idéia.<br /><br />O templo e a feira de artesanato, mesmo que pequena, eram duas das poucas coisas boas pra se fazer na ilha principal de Fji. Lá, pela primeira vez, percebi como um turista deve se sentir no Brasil. A cor de pele já condena à segregação e à proteção forçada. Tudo bem que as melhores paisagens estão mesmo nas ilhas menores (ao todo Fiji tem 300 ilhas), mas eles podiam ter pelo menos me dito como chegar nas praias de Nadi, onde minha amiga morava. O problema é que as praias da ilha principal, além de não serem tão bonitas, são consideradas perigosas por serem de livre acesso aos locais. De nada adiantou dizer que era do Brasil, que conhecia esses problemas. Pra ver algo de realmente interessante in Fiji não basta só pegar o ônibus. É preciso pegar o barco e o passeio de ida e volta não custa menos de FJ$ 120. A hospedagem era barata e como passar a noite dava quase no mesmo preço de ir e voltar no mesmo dia, acabei decidindo trocar temporiamente a casa da minha amiga por uma dessas ilhas. <br /><br />A idéia inicial era aproveitar a boa vida de Fiji e ainda conhecer a ilha de verdade, de vilas e gente simples, mas foi um pouco mais de realidade do que gostaria. Enquanto todos do barco iam prum albergue famoso, de uma rede internacional, eu era a única do local Joanas' backpacker. <br /><br />A praia de Mana Island era realmente linda, com o mar de um azul que parece de mentira, como diria minha mãe. As casas de madeira acho que também eram igual pra todo mundo, mas a qualidade das instalações era bem diferente. A eletricidade vinda de gerador era das 18h às 23h e só, o suficiente pra colocar alguma coisa pra carregar. O banho, cuja água vinha de um caninho enferrujado num quartinho imundo, era frio, e a chama da vela, que queimava torta em cima da pia, mal ajudava a ver as poças no azulejo velho - e coitada da minha blusa que caiu no chão. A comida inclusa no pacote era rala em quantidade e nutrientes, mas como não tinha outra opção, acabei me rendendo a sopa de pepino e mandioca cozida. E por fim, ao contrário do que acontecia no albergue ao lado, no Joanna's não tinha mais quase hóspedes ou atividades de recreação. <br /><br />Naquela noite, pela primeira vez, acordei feliz depois de sonhar que estava de volta ao Brasil. <br /><br />Voltei pra Nadi no dia seguinte e - pra compensar a experiência ruim - no sábado fui para uma outra ilha, mas dessa vez com essa minha amiga e um casal conhecido. O moço trabalhava no navio de uma das inúmeras empresas internacionais que exploram o turismo do país e por isso fomos quase de graça. Em vez de pousada pequena, um resort internacional. Foi snorkling, canoagem, vôlei de praia, banho de sol, comida(boa) e bebida à vontade acompanhados de showzinhos de dança. Tudo bem tranquilo, à vezes até demais. Pra quem não está acostumado o tal Fiji Time chega a ser irritante, já que é mil vezes pior do que o jeito baiano de ser. Ali, dizem que quem anda muito rápido leva multa - e eu perdi a conta de quantas vezes ouvi isso. <br /><br />Depois de um dia perfeito, dá até pra entender porque tanta gente fala do arquipélago como um lugar paradisíaco. Minha consciência bem que tentou reclamar - afinal, por seis meses estudei o quão ruim é preferir empresas de fora a locais em países em desenvolvimento - mas foi sufocada pelo cansaço depois de um dia inteiro fazendo nada.<br /><br />O único problema realmente não resolvido é que como é muito pequeno, Fiji não tem produção de quase nada. Eles têm a água mineral de Fiji e a Fiji Beer, em duas versões, por sinal, a Gold, cerveja sem carboidratos - e a Bitter, versão mais pesada. Outro produto que eles adoram é a tal da mandioca, que eu nunca fui fã. De resto, tudo importado, e daí salgadinho é caro, bolacha é caro e, principalmente, chocolate é caro! Tudo porque têm que vir da Australia ou Nova Zelândia. E eu, que tinha decidido ficar sem chocolate até sair de Melbourne, tive que aguentar mais cinco dias até chegar em Auckland.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-51847593062291762112009-10-03T20:50:00.001-07:002009-10-03T21:01:31.381-07:00Fechando o quebra-cabeçaMinha saída da Austrália tinha sido repentina. Depois de negociar com meus pais a data e ver o melhor preço, comprei a passagem pro dia 18 de agosto, treze meses e um dia depois de ter deixado o país. O quebra-cabeça parecia estar fechado, mas ainda faltavam umas pecinhas no meio. Meu vôo saía de Auckland, na Nova Zelândia, mas como e quando ia chegar lá só foi decidido em cima da hora.<br /><br />A única certeza é que em 13 de julho, sábado, tinha uma passagem de Townsville pra Brisbane. Lá, encontraria com as meninas de Perth. Faríamos uma viagem de dez dias pela costa leste. No dia 21 elas voltariam pra Western Australia e só então eu iria decidir o que fazer da minha vida. O mais provável é que depois de passar, sozinha, uma temporada na casa de uma amiga em Melbourne, fose pra Fiji e Nova Zelândia, só pra cansar bastante e voltar sem deixar nenhum plano pra trás.<br /><br />A passagem de Sydney pra Melbourne foi de trem, o que poderia ter sido bonito se não tivesse feito durante a noite. Cheguei em Melbourne à 8h da manhã e a cidade, como havia já esperava depois da aula de planejamento urbano, é maravilhosa. <br /><br />Melbourne respira cultura, que vai desde os showzinhos de contra-baixo e violoncelo que acontecem em vielas no centro - onde as pessoas, muito bem vestidas, se sentam em caixotes de feira pra almoçar - até as inúmeras galerias de arte, biblioteca, teatros, e brechós espalhados pela cidade. <br /><br />O sistema de transporte funciona e a cidade é toda desenhada para incentivar o uso da bicicleta em vez do carro. O problema, como também já esperava, era o frio. Melbourne, fica numa latitude menor do que a do sul do Brasil e, pra quem estava acostumada com o calor de Townsville, manter o bom humor em temperaturas com apenas um dígito é uma coisa complicada. <br /><br />Emprego, ao contrário do que esperava, estava razoavelmente difícil e daí, em vez de continuargastando em uma mesma cidade, decidi usar meu dinheirinho em um lugar diferente e de cotação mais baixa; adiantei a saída da Austrália pra ficar dez dias na Nova Zelândia e cinco em Fiji, não necessariamente nessa ordem. <br /><br />Pra NZ eu fiz toda a programação antes, afinal é um país grande pra tão pouco tempo. Pra ver tudo o que queria, ia fazer 7 cidades em 9 dias. Já pra Fiji, país pequeno, na hora a gente vê. O que a gente não lembra é que prum quebra-cabeça dar certo, todas as peças, mesmo as menorzinhas, devem estar no lugar.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-56544313098091898982009-09-23T14:52:00.000-07:002009-09-23T16:16:57.843-07:00Fada MadrinhaCerto dia, já em Melbourne, fiz um daqules testes (bobos, mas que eu adoro) do Facebook e uma das perguntas era se eu acreditava em fadas madrinhas. Pensei bem e não sei se respondendo como uma personagem de livro (objetivo do teste) ou como eu mesma não consegui achar outra resposta que nao "sim, elas existem".<br /><br />Fada madrinhas são diferentes de anjos. Há muito tempo falo que o mundo está cheio de anjos. Anjos podem ser desde um cara que te ajudou a encontrar o caminho certo às 3h da manhã a alguém que, vendo a sua pressa, te deu uma carona em vez de simplesmente dizer onde era ponto de ônibus mais perto. Na Austrália, conheci vários anjos. Posso até mesmo dizer que a senhora com quem morava em Townsville era um anjo pra mim e talvez eu, um pra ela. Em resumo, anjos são pessoas normais que, por algum motivo ou outro, naquele momento te ajudaram, fizeram uma boa ação, às vezes mesmo que sem perceber. Já com a fada madrinha a história é diferente. Ela realmente se empenha pra te ajudar, essa é a missão dela dentro da história. E eis que, uma semana depois do tal teste, a minha fada madrinha, que já existia, tomou forma.<br /><br />Fadas madrinhas não precisam ser baixinhas e gordinhas, mas a minha era. Elas não precisam, muito menos, ter cabelo branco, mas a minha tinha e isso só contrastava ainda mais com aquele batom vermelho que ela usava. Pra falar a verdade, ela parecia a feiticeira da Pequena Sereia. Mas como essa história é de Patty Marie, não de Ariel Jones, a minha feiticeira era realmente boazinha e, mesmo sem pegar minha linda voz como moeda de troca, me ajudou a realizar os meus desejos - o que, naquele momento, significava aproveitar da melhor forma os poucos dias que teria na Nova Zelândia antes de chegar em casa. <br /><br />Conheci aquela senhora na rua, em frente à estação de trem de Melbourne, no momento em que cheguei de Sydney. Apesar de ter todas as indicações anotadas, resolvi perguntar, só pra ter certeza, onde ficava a tal William Street. Nos dez minutos entre uma estação de bonde e a outra, ela me contou que era da Nova Zelândia e eu contei que era para lá que estava viajando. Como ela nao ia a Auckland há muito tempo, na hora sacou o telefone de um amigo antigo, jornalista. <br /><br />Alguns dias depois, me mandou um e-mail. O tal amigo estaria em Melbourne a trabalho e foi finalmente num café da manhã armado por ela que decidi meu roteiro. Duas horas de conversa sobre tudo o que existe nas ilhas norte e sul, além de algumas dicas sobre Fiji, onde ele também tinha morado, e meu roteiro estava feito. <br /><br />Nós duas ainda nos vimos uma vez antes de partir. Foi num almoço, sempre às custas dela, como presente de despedida, e mesmo depois continuamos a nos falar por e-mail. A fada madrinha tem sonhos de viver na Espanha, curtindo um descanso merecido. "Se eu já morasse lá você poderia me visitar e fazer da minha casa a sua base para viajar pela Europa". <br /><br />O problema é que pra isso ela diz precisar de muito dinheiro, o que pode ser um dos incentivos para a fezinha que faz de vez em quando. No mesmo dia em que nos encontramos, ela ganhou uma rifa de AUD$ 190. Pra mim, resultado da bondade e energia positiva que cultiva. Mas em contos de fadas, magia também é relativa. Enquanto eu falo da minha fada madrinha para os meus amigos, ela fala para os dela sobre lovely Brazilian girl que conheceu na estação de trem. <br /><br />"Ter te conhecido foi uma das melhores coisas que me aconteceu ultimamente. Você me traz sorte!", disse ela, mas poderia ter dito eu.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-40701329207306321472009-09-23T14:18:00.000-07:002009-09-23T14:25:48.795-07:00Surfando no sofáTrês garrafas de vinho, uma de vodka, um monte de salgadinho. Drinking games, jogo da verdade. Como as meninas de Perth disseram no dia seguinte, "uma noite bem divertida" e o melhor de tudo, pelo menos pra mim, a constatação de que o esquema de acomodação gratuita realmente funciona. <br /><br />Aquela era a minha primeira parada no roteiro a caminho de casa. Brisbane, capital de Queensland, pra onde fui de avião encontrar com as meninas de Perth. Os nossos companheiros eram um alemão, dono do apartamento, e um inglês, amigo dele. <br /><br />Fui parar lá por insistência de uma outra amiga. Ainda em Townsville, só faltou ela ter ligado o meu computador e me cadastrado ela mesma, ali, na hora. <br /><br />Acredita em mim - ela dizia -, eu não colocava muita fé, mas foi a melhor coisa, foi assim que consegui minha casa aqui e foi assim que fomos pra Magnetic Island. Você viu, né? Oito pessoas com acomodação gratuita. As pessoas são legais, todas com aquele espírito aventureiro e aquela vontade de conhecer gente nova. Vale muita a pena, acredita!<br /><br />O discurso dela era tão enfático quanto o de um pastor fazendo pregação, mas o que a austríaca vendia não era a salvação da alma, mas um site de relacionamento mundial, onde as pessoas oferecem e buscam um sofá, uma cama sobrando ou mesmo um lugarzinho no chão para os viajantes deixarem seus sacos de dormir. <br /><br />O nome dessa maravilha é couch surfing e foi assim que eu fiz a maior parte da minha viagem até chegar no Brasil.<br /><br />No dia seguinte do cadastro, seguindo as instruções da tal amiga, mandei a mesma mensagem para várias pessoas procurando um sofá para mim e para as duas de Perth no dia em que estivéssemos em suas cidades. A viagem de Brisbane a Sydney ia servir como teste. Se tudo desse certo, repetiria a idéia na Nova Zelândia, quando minha viagem seria sozinha de tudo.<br /><br />O negócio é que só fui avisar as meninas depois de entrar em contato com meus possíveis hospedeiros. A morena, quando soube, se segurou pra não surtar. Segundo ela, muito melhor pagar albergue do que correr o risco de ficar em casa de gente estranha, carente de companhia e que ia achar que nós tínhamos obrigação de andar com eles. Já a loira se matava se dar risada. Um porque achou o esquema de acomodação gratuita com o bônus de conhecer gente nova a minha cara. Dois porque tinha certeza da reação da terceira.<br /><br />Conforme fui descobrir depois, couch surfing é sorte. Sorte de achar casas nas cidades pra onde você está indo, sorte das pessoas pra quem você mandou a mensagem te responderem e sorte delas serem legais. <br /><br />Na viagem pela Austrália, tudo de bom. Depois de passarmos essa noite no quarto de hóspedes de M. em Brisbane e passar três dias em albergues em Gold Coast e Byron Bay, voltamos ao surfe no sofá. Dessa vez, por quatro noites seguidas, na casa de outro M., esse austríaco, e que junto com uns amigos nos apresentaram todos os pontos turísticos e baladas de Sydney.<br /><br />Na Nova Zelândia, pra onde iria depois, entre os três ou quatro couch surfings, experiências boas e nem tanto, mas que valem como aprendizado para uma próxima viagem. Eu nunca tinha imaginado, mas sofás podem ser extremamente desconfortáveis, principalmente se ele for tão velho quanto a casa da tal república de estudantes. Outra coisa é que, por mais simpático que seja o casal, se a distância do terminal de ônibus até a casa custar 30 dólares de táxi, vale mais a pena um albergue. Por fim, tem gente que eu não sei porque decide hospedar os outros, mas se o quarto é bom, a economia de dinheiro compensa o mau humor.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-32428872262261916402009-08-17T04:05:00.000-07:002009-08-17T04:11:04.786-07:00O tal do cachecol"Então, tá, não pode desistir. Essa é a meta do jogo. A gente tem que conhecer dois gatinhos e levar o cachecol pra casa, como recordação, fechado?"<br /><br />Era uma sexta-feira de footy. Milhares de pessoas foram ao jogo ostentando camisetas, casacos e, principalmente, naquele frio de Melbourne, cachecóis de seus times. A ponte que liga o centro da cidade ao estádio estava linda, com aquela massa de pessoas todas fardadas, mas cada um por si. Aqui não tem torcida organizada. O mais perto que se chega disso são umas meninas sentadas nas arquibancadas atrás dos gols e levantavam e abaixavam umas plumas toda vez que o seu time pontuava. É bom que não dá briga, mas... ô meu Pai.... como é sem graça, viu? <br /><br />Pra não dizer que nenhuma das duas entendia nada daquele esporte, eu sabia o básico, mas tive que aprender o resto. No Australian Footy vale jogar com o pé e com a mão, mas na maior parte do tempo eles passam chutando pra cima, bem alto. O campo é oval e não se faz try, se faz gol. São quatro postes. Se a bola entrar entre os do meio vale seis pontos. Se entrar entre os dos lados vale dois e se bater na trave, um (ahhh se isso fosse no basquete, meu ex-time tava feito!).<br /><br />Perguntar sobre o jogo pode ser irritante para alguns, mas é sempre uma boa maneira de começar um papo. Por isso, a gente rodou bem aquele andar, mas não achou em todo o setor 3 de arquibancadas um único doador de cachecol compatível de quem pudéssemos sentar perto. Daí, na falta de algo mais interessante pra prestar atenção, resolvemos nos focar no jogo. A amiga carioca, esportista, mas de parede (não corre, escala), logo me deu o título de "a do estádio" e, como conseqüência, a responsabilidade de escolher os assentos. <br /><br />No estádio do Dockers (com o nome de Etihad Stadium por causa do patrocínio da companhia aérea) cabem 55 mil torcedores, apesar do campo parecer bem menor do que um de futebol. Moderno, novinho, o Etihad tem quatro andares de arquibancadas e setor VIP. Ali não tem essa de distância segura separando torcida do campo. Pra quem tá no primeiro andar tudo acontece bem pertinho, quase como no jogo dos meninos na USP, mas, também, nem precisa. Os torcedores são fanáticos, mas a rivalidade não é suficiente nem pra demandar uma separação de torcidas. Os supporters de North Melbourne e Carlton, dois times locais, ficavam sentados lado a lado, em plena harmonia. <br /><br />Quanto a nós - uma torcendo pelo N. Melbourne porque é bonitinho (azul e branco e com um canguru como mascote) e outra pelo Carlton, porque é preto e branco, assim como o Botafogo, acabamos ao lado de um grupinho de duas senhoras e um homem, todos acima dos 60. Quando já estava no meio, percebemos que Carlton na verdade era azul marinho e branco, e não preto, mas daí já era tarde. <br /><br />A senhora do meu lado era Carlton e, apesar de ser toda simpática quando eu fazia perguntas sobre o jogo, acho que ficou meio irritada pelo meu suporte ao time adversário. Em certo momento, não se conteve e me disse, ainda que de uma forma muito educada, que eu não deveria torcer daquele jeito. Antes que eu pudesse ficar sem graça, fui socorrida pela moça da frente, mais nova, que, sorrindo muito, se meteu na conversa pra pedir, por favor, pra eu continuar, sim, torcendo, porque era divertido. Na dúvida, sorri pras duas, continuei gritando, mas parei de cantar, mesmo que baixinho, as músicas brasileiras de estádio. <br /><br />Até mais ou menos o primeiro quarto de jogo, a gente não tinha idéia de quem estava ganhando. Os vários telões mostram o jogo ao vivo, o replay - já que o formato do campo nem sempre deixa visível o que acontece na lateral - e o placar, mas isso não é assim tão simples. Embaixo do nome de cada time tinha um número decimal e um entre parênteses, por exemplo: 6.4(40) ou 4.11(35). Conforme fui aprender depois, isso significa que o primeiro time fez 6 gols valendo 6 pontos e 4 pontuações (o que pode ser golzinhos ou chutes na traves), enquanto o segundo vez quatro gols valendo 6 pontos e 11 pontinhos. A soma de tudo isso, e o que realmente vale no final do jogo, é o número entre parênteses.<br /><br />Agora, tudo parece simples, mas até a gente entender foram várias fotos e filminhos. Nessas, a gente conheceu os meninos de duas filas atrás, interessantes até, mas o papo não fluiu o suficiente, visto que tanto eles quanto a gente estávamos realmente concentrados na partida, que - infelizmente - teve vitória de Carlton.<br /><br />Disputadíssimo o tempo todo, o jogo conseguiu quebrar a apatia da torcida, que já estava barulhenta como toda torcida deve ser. N.M. bem que fez mais gols, mas de um ponto só, o que me lembrou de novo o basquete casperiano - de que adianta jogar bem se perde de tanto errar lances livres? Saí do estádio tentando não ficar chateada. Era só um jogo de AFL e até três horas antes eu nem conhecia o time. Mesmo assim, virei N.M. de coração.<br /><br />Quanto à minha amiga, bem... ela ganhou o tal cachecol. Não de um gatinho como ela queria, mas da mulher do meu lado, que, felicíssima com a vitória, deu o cachecol do Carlton para a nova companheira de time.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-87437320540807255812009-08-17T04:04:00.001-07:002009-08-17T04:25:53.222-07:00Os militares e a faxineiraNo mesmo segundo em que a moça me perguntou se eu conseguia chegar numa boa no exército, me veio à cabeça o confessionário de Total Drama Island (o que traduzindo, é um banheiro de acampamento, aqueles de casinha de madeira, lotaaado de moscas, usado como confessionário e toilet pelos personagens desse fantástico desenho que tira uma onda de reality shows). Um instante depois, pensei no filme Tropa de Elite, que tinha visto de novo uma semana antes. Não foi uma imagem muito melhor.<br /><br />A minha surpresa foi que os militares de Townsville em nada se parecem com os de filme (americanos ou brasileiros). Na Austrália, ser militar é um negócio altamente lucrativo e por vezes quase burocrático. Eles ganham e ganham bem para servir ao país. Vão à base de 2a à 6a e nem precisam voltar pro quartel. Quem quiser, aluga uma casa na cidade e vai e volta todo dia. Final de semana, o povo tá livre. É nessa horas que a maioria aproveita, alguns vão pra balada, bebem a rodo - já que têm dinheiro mais do que suficiente pra isso - e arranjam alguma encrenca. A má fama dos militares é bem conhecida na cidade. Afinal, como diz minha ex-land owner, eles são treinados pra brigar, essa é a única coisa que eles sabem fazer, mas isso nunca me afetou muito.<br /><br />O trabalho no exército surgiu da mesma agência de empregos pela qual ia trabalhar como bartender em um determinado evento. Já tinha avisado que estava de férias, com tempo livre, mas trabalho de garçonete ou bartender não tinha. Quando perguntei de house keeping, ou cleanner, na hora ela me colocou no exército. Assim como atrás do balcão, o uniforme era também todo preto, mas em vez de regatinha, calça e sapato, tinha que usar camiseta, bermuda e tênis. O problema é... quem disse que eu tinha camiseta preta? Na falta de uma melhor, passei a usar uma da Jim Bean que, do lado do avesso, escondia o logo enorme e a inscrição de bar staff.<br /><br />Na primeira semana, ainda tentava me acostumar com a mudança de ambiente. Quando cheguei na Austrália, me recusava a trabalhar como cleanner simplesmente porque não fiz quatro anos de faculdade pra limpar quarto e banheiro dos outros. Com o tempo, o orgulho some (já provei o que tinha que provar, posso simplesmente ganhar dinheiro), mas a adaptação ainda é difícil. <br /><br />Pra quem está acostumada a servir as pessoas é esquisito entrar nas salas e interromper a rotina do povo ao trocar sacola de lixo ou passar paninho na mesa. Os banheiros era parte mais tranqüila. Como eram limpos sempre, nunca estavam sujos e esfregar espelhos virou terapia. Já as acomodações, tinha uma pior do que a outra, especialmente as das meninas, mas isso nunca chegou a ser um problema. <br /><br />O tipo de trabalho eu já tinha superado, mas a rotina era punk. Me matava ter que acordar às 5h30 da manhã, pedalar meia hora pra depois ainda ralar de 7h a 9h/dia. Dizem que depois de um tempo acostuma, mas não fiquei o suficiente pra isso. Nas três semanas que fiz esse trabalho, antes de viajar com as meninas de Perth, conheci quase todas as áreas da base. A moça que fazia a escala me colocava cada dia num lugar diferente, um porque ela queria ser mesmo legal, dois porque minha função era ficar de regra 3. Nessas, passei por muitos prédios de escritórios, dormitórios (onde ficam os soldados que estão visitando a base, como os americanos que vieram prum workshop), acomodações (quartos-cozinhas super bonitinhos pro povo que está de vez por lá) e até mesmo lugares fora da base, como as casinhas dos guardinhas florestais ou os escritórios (e banheiros) do armazém de armamentos do exército, onde a vigilância é tão pesada que os celulares e câmeras são retidos na entrada.<br /><br />Se o tempo no exército foi suficiente pra mudar o meu preconceito com relação ao trabalho de cleaner, o mesmo não aconteceu com a imagem passada pelos militares de lá. Mesmo entre eles, todos são mega simpáticos, nada de berros ou coisa parecida. Treinos físicos até se vê, mas nada pesado ao extremo. O tempo livre é tão grande que a base possui até um campo de golf, freqüentemente usado durante meu horário - ao contrário do de rugby, infelizmente.<br /><br />Tudo bem que não era o meu país, mas aquilo de militar sem pressão não tava certo, e de tanto perguntar acabei achando duas explicações com certo sentido. A primeira é que o treinamento mais pesado deve acontecer em viagens de treinamento, não na base. A segunda é que existem várias bases na Austrália. A de Townsville era mais pro pessoal que já tinha voltado do Iraque ou Afeganistão, por isso talvez eles não precisassem mais de pressão ou tanto preparo físico, já tinham tido o suficiente e estavam só dando um tempo até serem mandados de novo.<br /><br />Assim como os moços, eu também relaxei. À mesma medida em que ganhei passes semanais em vez de diários fui me sentindo mais em casa. Desisti da camiseta ao contrário e passei a usar a maior regata, mas, ainda assim, regata. Entrava nos escritórios falando bom dia, toda feliz, e nem mais fiquei com medo de brincar com a cracatua (soldado Albert II) de um dos regimentos - só parei quando o idiota do passarinho me bicou de dentro do viveiro e eu, distraída, dei um mega berro. Como reflexo, quase dei um tapa no bicho, mas se ele já costumava berrar normalmente, imagina se levasse um tapa. Além disso, se alguém viesse, eu era a cleanner, ele era o militar.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-86138121355811762009-08-17T03:57:00.000-07:002009-08-17T04:22:33.044-07:00Festa pra (quem não quer ficar) solteiroQuando olhei meu e-mail, quase um mês depois, vi que tinha recebido vários convites pra festas de solteiros. Até aí, normal. Desde o colegial que virou tradição entre meus diferentes grupos de amigas sairmos no dia 12 de junho. Enquanto todos os casais apaixonadíssimos comemoravam o dia dos namorados, a gente arranjava uma desculpa pra sair, o que podia ser desde um lanche no McDonalds a uma baladinha só pra gente desimpedida. Aliás, essa era a principal qualidade de se sair nessa época: entre os 365 dias do ano, o 12 de junho é definitivamente o mais improvável de se conhecer alguém comprometido. Isso porque 90% deles passam a noite com suas respectivas. Quem vai pra night é porque tá sozinho; por vezes, desesperado (será?).<br /><br />A primeira parte da frase acima é minha mesma. A segunda, sobre o desespero, do povo com quem estava trabalhando. Coincidência ou não, no dia 13 junho, mesmo sem nenhuma relação com santo Antônio ou qualquer data especial, aconteceu no cassino de Townsville uma relativamente grande festa pra solteiros. <br /><br />Como é padrão no Jupiters, a festa incluía boa comida, boa bebida e música animadíssima, que ia de flashback aos novos hits da rádio. A diferença só era perceptível por dois items: pilhas de bolachinhas de chopp espalhadas pela festa com os dizeres "call me" e um espaço pra completar com contato; e uma etiquetinha colada na roupa de cada um dos convidados, com o nome de algum personagem conhecido - mas essa parte da brincadeira eu demorei pra perceber. Foi só quando o amigo de Marco Antonio perguntou se meu nome não era Cleopatra é que caiu a ficha. Até então eu achava que a etiqueta mostrava o verdadeiro nome das pessoas, mas nem estava olhando muito. Se tivesse, provavelmente teria estranhado um cara chamar Sapo Krog ou outro chamar Helen (em homenagem à apresentadora americana de TV, assumidamente lésbica).<br /><br />Australiano tem um jeito diferente de flertar, mais demorado, por assim dizer. Eles conversam, por vezes pedem o telefone, mas é tudo bem gradual. Por isso, o jeito mais comum pra eles começarem a namorar é mesmo pela internet (o que no Brasil poderia ser considerado muito mais desespero). Já australiana é bem diferente. De uma personalidade bem forte, por vezes são elas que dão o primeiro passo. Não só chamam pra sair e pedem telefone como também beijam meninas sem o menor pudor e dançam se esfregando em diferentes caras, tudo isso mesmo com o namorado do lado (o que às vezes causa confusão - entre os dois meninos, já que elas saem ilesas).<br /><br />Na festa, diferentes gerações se encontraram. No começo, todo mundo se segurando, cada um num canto. Mas daí, a bebida servida a rodo vai fazendo efeito e o povo se solta, dando em cima não só dos convidados, mas também em parte do staff. Enquanto os homens pediam telefone ou simplesmente davam seus cartões, algumas mulheres conseguiram assustar os garçons de tanto que provocavam (e por vezes beslicavam) quando eles passavam do lado com a bandeja. Em um ou dois casos a mulher simplesmente avisou que iria embora com o garoto naquela noite. Não importava que dissesse ter namorada, ela iria embora com ele.<br /><br />Apesar do (confirmado) desespero, o clima foi de uma descontração dificilmente vista nas functions. Em um momento de distração, um dos convidados agarrou minha bandeja e saiu oferecendo folhados de carne (chamados de beef weellingtons) pelo salão. Ótimo pra mim, que não agüentava mais carregar a bandeja de louça, enorme e pesadíssima, melhor ainda pra ele, que disse ter conhecido muita gente nos 5 minutos que eu fiquei papeando.<br /><br />Como era de se esperar numa festa de faixas etárias tão diferentes, nem todo mundo voltou feliz pra casa, mas até que aparentemente um número bem considerável de pessoas conseguiu se arranjar - o que, ao contrário do Brasil, não significa agarração. Nos cantinhos, só um ou outro casal. A maioria ficou só conversando, sorrindo, num flerte gostoso que só. Um deles era o mais bonitinho, um par mais velho, tanto ele quanto ela com uns 50 anos pelo menos, simpaticíssimos e cabeça aberta o suficiente pra pagarem $75 numa festa sem ter idéia do que iriam encontrar. <br /><br />A única chata de trabalhar nesse tipo de festa é que não se sabe o que acontece depois. Garçons, garçonetes e bartenders participam do começo, por vezes dando uma de cupido com o drink no lugar da flecha. Agora se dá certo ou não, vai saber. Anjo só dá o empurrão inicial. Pra finalizar, a conversa é com o santo.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-72271290136190085972009-08-15T18:44:00.000-07:002009-08-15T19:23:27.382-07:00Encarando a vida de um jeito mais fácil - 5 passosNos últimos tempos tenho sofrido muito com os homens... Mentira, não vou ser injusta. Tenho sofrido muito com um homem.<br />E numa das milhares de conversas-desabafo, dessa vez com Patty Mary Jones, recebi um conselho que decidi seguir: Encarar a vida de um jeito mais fácil.<br />Um ótimo conselho, mas como fazer????<br />Decidi preparar um guia para mim mesma, tornar essa coisa do sentimento um ciência exata... É claro que as coisas não funcionam assim, mas como não têm funcionado de nenhum outro jeito, não custa tentar, hehe.<br /><br />1 - Não coloque o dedo na ferida, mesmo que ele tenha sido lavado com álcool em gel. Mesmo que você não pegue uma infecção, isso não ajuda em nada na cicatrização.<br />Como fazer isso? Pare de pensar no que te faz mal, pare de tentar buscar informações por vias telefonianas ou internetianas. Pensar sobre é ruim por isso sempre tenha à mão um amigo que vai te fazer rir, ou uma lembrança feliz daquele golaço que garantiu a vitória do seu time naquele jogo nervoso.<br /><br />2 - Nenhum atleta compete doente. Então se fortaleça antes de enfrentar o adversário. Mesmo as pessoas que querem nosso bem podem nos magoar muito com algumas verdades. Que são verdades, ninguém tem dúvida, mas existem momentos e momentos em que elas devem ser ditas. Se você está enfraquecido emocionalmente, pra que ser colocado a prova?<br /><br />3 - Não faça nada que você vá se envergonhar no futuro. Controle a matraca. Para pessoas como eu, que gostam muito de falar, e que tem um raciocínio que muitas vezes é mais rápido do que deveria, a boca se torna uma inimiga. Quando somos colocados em situações de stress extremo, muitas vezes falamos coisa mais rápido do que a censura cerebral é capaz de bloquear. Elas podem cair como bombas, que só pioram tudo. Além disso, as discussões de relacionamento, quando não têm chance de terminar num make up sex, são infinitas e doloridamente destruidoras. Quanto mais se conversa, mais difícil se é chegar a um entendimento... E daí voltamos ao primeiro mandamento.<br /><br />4 - Válvula de escape. Se não tiver, explodimos. Algumas pessoas gostam de cozinhar, outras de cantar e dançar bem alto, há aquelas que liberam os momentos de stress com a famosa cangibrina. Eu prefiro levar meu corpo ao limite físico. Poderia ser com qualquer esporte, mas como é difícil ter esportes coletivos depois que você termina a faculdade, tenho corrido muito. Corro até não aguentar mais. E daí estou tão exausta que as coisas têm outro efeito sobre mim, um efeito muito menor.<br /><br />5 - Não sinta pena de você mesma. Já sofri muito com um fim de um relacionamento. É difícil, é dolorido, mas essa coisa de ficar jogada em uma cama, curtindo uma fossa, é coisa de adolescente. Não to falando que quando a gente fica adulta a gente não sofre igual. Pelo contrário. Sofre muito. Mas a gente tem mais o que fazer. A vida não pára pra nos recuperarmos. E a gente não pode querer que ela páre.<br /><br />É isso...<br />Espero que me ajude, hehe.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-87812071875874607312009-07-23T20:15:00.000-07:002009-07-23T20:19:27.248-07:00Sorte que stripper não tem bolsoSanta fe e Bully's ocupam os dois primeiros andares de um pequeno prédio antigo na última esquina da Flinders street, a Vila Olimpia de Townsville. O edifício é de estilo colonial, com pé direito alto e varandinha, que foi fechada com vidro pra virar recepção da balada de cima. <br /><br />A entrada do Bully's é uma porta grande no meio da rua. A do Santa Fé, uma porta pequena nessa esquina. Aqui não tem a desculpa de que 'tava na frente e resolvi entrar'. O SF é a última balada da rua. Depois só tem o aquário da cidade. Se, à noite, você andou os 20 metros depois do Bully's, só tinha um lugar onde pudesse querer ir.<br /><br />Nos dois lugares, a identidade é checada pelo segurança da porta, que aproveita e já barra os mais bêbados. Austrália não é um país fácil pra encher a cara - mas a galera consegue. <br /><br />Passou o segurança, a única opção é subir uma escadinha também antiga, estreita, de madeira e em formato de U. Na parede, também de madeira, um pôster de mulher de biquini com o logo "Santa Fe" dá uma idéia do que o visitante vai encontrar. Mesmo assim, tem casos de pessoas, casais, por exemplo, que, novos na cidade, receberam um flyer no meio da rua e foram conferir. Chegaram até a recepção, no alto dessa escada, ainda desavisados sobre o estilo da casa e foram embora putos ao saber que entravam numa balada de strip.<br /><br />Sentadinha atrás de uma mesinha de recepção, a hostess tem como responsabilidades básicas explicar o funcionamento da casa pros mais novos, cobrar a entrada (homens pagam $12, mulheres, $10 e o pessoal que já pagou a balada de baixo, $6) e tentar vender o tal Santafe Money, um dinheiro de brinquedo, parecido com o Banco Imobiliário, mas que tem o desenho de uma mulher pelada no lugar do brasão e serve para comprar o show das meninas. O trabalho é maçante, já que por vezes não tem nada pra fazer além de ficar paradinha, esperando as pessoas chegarem. No meio tempo, deve-se limpar as marcas de dedo da porta de vidro e preencher alguma pesquisa de satisfação baseada no que os clientes dizem ao deixar a casa. Quando as pessoas chegam, geralmente é em bando e precisa ser muito metódica para pegar o dinheiro, carimbar o braço e distribuir o flyer sem esquecer de anotar o número de pessoas que entrou e quanto cada um pagou. Não precisa nem dizer que eu e esse serviço não combinávamos.<br /><br />Finalmente, pagou a entrada, passou a porta de vidro, chega-se ao Santafé propriamente dito, uma decepção para quem esperava música alta, showzinhos e locutor. Segundo uma pesquisa que eu mesma fui obrigada a fazer quando estava de hostess, 90% dos frequentadores vai (ou, pelo menos, diz ir) à casa simplesmente para tomar um drink e relaxar. Lógico que muitos falam isso da boca pra fora, mas conhecendo os outros bares de Townsville, em que falta um barzinho tipicamente happy hour, nem é difícil acreditar que algum dos clientes esteja falando a verdade.<br /><br />O ambiente, por sinal, ajuda nessa versão. O lugar em si é bem pequeno. Da entrada, já dá pra ver o bar, no fundo do salão. Do lado esquerdo tem um palco bem pequenininho, com duas barras verticais para as meninas dançarem. A extensão entre o palco e o bar tem uma área avançada, uma parede que delimita uma espécie de cozinha, onde fica a geladeira e o microondas para o staff. No resto da área livre ficam mesinhas, poltronas, mesas mais altas e banquihos. É aí que as pessoas ficam a maior parte do tempo. O palco a princípio permanece vazio e a música em um volume aceitável. Ao contrário de outros lugares onde trabalhei, não lembro de alguém tendo que gritar pra que eu entendesse o pedido.<br /><br />Enquanto os caras bebem nas mesinhas ou no balcão, as meninas desfilam por entre as mesas, usando vestidos-micro ou lingeries transparentes. Encostam nos grupinhos ou nos caras sozinhos, sorriem, conversam, por vezes arrancam uma bebida de graça, em outras até usam a sua própria cota de drinks gratuitos pra paparicar o possível cliente. Por fim, conseguem vender o show. O preço é apenas 20 dólares, que pode ser pago tanto com Santafé Money, quanto com o "dinheiro de verdade". As notas vão pro pé, o que me fez entender o motivo de toda vez elas me pedirem alguns elásticos do caixa.<br /><br />A menina, então, sobe no palquinho e tira a roupa. Tira tudo? Sim, tudo. Se a bartender consegue ver elas fazendo strip? Mais ou menos. Como o palco fica meio escondido, atrás da parede da cozinha, não dá pra ver muito não. Só quando estava vazio e ficava do lado oposto do palco, polindo copos que dava pra ver um pouco, o suficiente pra matar a curiosidade. Foi numa dessas vezes que percebi que aquela história de non-contact house não era tão sem contato assim. O cara (ou os caras, quando era um grupo que pagava) tinha que ficar ali sentadinho, na beira do palco, mas a menina, se quisesse, podia diminuir a distância. Em uma ocasião, a dançarina ficou de joelhos no palco e praticamente esfregava o tórax nu no rosto do moço. Por sorte, a meia-luz constante e o meu alto grau de astigmatismo não me deram mais detalhes do que os de quem está lendo o texto. A cena parecia tão distante que nem eu quisesse dava pra me sentir incomodada com aquilo. <br /><br />A falta de efeitos de iluminação, por sinal, só não era maior do que a de preocupação com a música. Não tem dj no SF. A trilha é escolhida pelo mesmo gerente do bar e fica tocando de forma aleatória a noite toda. Se a stripper realmente quiser pode até pedir uma coisa especial, mas normalmente elas tanto dançam sob "I touch myself" (música símbolo do lugar) quanto sob "dancing in the moon light", música sem gracinha, que só meu manager e a amiga loira de Perth parecem gostar.<br /><br />O cara que quiser algo mais reservado, sem todo mundo vendo o que só ele pagou, pode optar por um showzinho particular, num segundo ambiente, uns cinco degraus abaixo e à direita do salão. Lá só entra quem pagou pelo show e só fica durante o strip. O preço é um pouco mais salgado: 50 dólares. Essa é a maior fonte de renda das meninas. Foi graças a esses private shows que a hong konguiana (seja lá como se escreve ou diz isso) que conhecemos no primeiro fim de semana em Perth disse que conseguia tirar até $700 por noite - um absurdo pra quem tinha acabado de chegar ao país e estava procurando emprego.<br /><br />Em Perth, a menina se gabava por que, ao contrário do que acontecia na casa concorrente, onde ela trabalhava não era obrigatório abrir as pernas durante a dança. Já em Townsville, as garotas dão duro pra conseguir os tais $50. Para cada sofazinho tinha uma mesinha. Enquanto os caras ficavam sentados no sofá, as meninas faziam strip na mesinha, o que incluía alongamentos absurdos com a perna. Outra vez, vi uma das meninas batendo altos papos com o cara. Ele sentadinho no sofá e ela, nua, deitada de bruços no chão, em cima daquele carpete provavelmente imundo. O andar de baixo ainda tem chuveiro dentro de um box transparente, mas ninguém usa. O show na ducha foi cancelado e riscado dos flyers antigos antes de eu começar a trabalhar lá.<br /><br />Num ambiente tão diferente, a surpresa é que os caras respeitem tanto quem está no bar. Como hostess é diferente. Ouve-se gracinhas, perguntam que horas que vai ser a sua vez de dançar e coisas do tipo. Já como bartender, o máximo que rola são umas conversinhas bobas, um pedido de telefone, mas tudo dentro do normal, nada conectado a uma casa de stripper. E daí vem o lado bom. Se dizem que toda mulher tem a fantasia de saber como seria a vida de uma garota de programa, eu cheguei perto e trabalhei num strip club, mesmo sem nunca ter tirado uma peça de roupa. Quase um exercício de jornalismo, e ainda com ótimas gorjetas. Se as meninas ficavam com as notas, eu recebia cerca de 60 dólares por noite só em tips, a maior parte em moedas. Afinal, como diria meu gerente, "elas não têm bolso".Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32978877.post-65443866024910054592009-07-23T17:20:00.001-07:002009-07-23T20:34:52.662-07:00O novo emprego e os antigos tabusComo é possível falar normalmente de uma coisa que no mínimo não é tão normal assim? Essa foi a a dificuldade que encontrei para falar do meu novo trabalho. Afinal, se Ariel, que me conhece há tanto tempo, já tinha ficado meio hororizada, o que diriam as outras pessoas?<br /><br />Por isso, a cada vez que contava para alguém era uma tática diferente, para falar com jeito, sem assustar. O mais normal era dizer que trabalhava numa balada da Flinders, o Santafé/Bully's, juntando o nome da balada de cima, de strip-tease, com a de baixo, famosinha na night de Townsville.<br /><br />Quem fazia isso é a própria dona dos estabelecimentos, ou pelo menos uma das donas, uma senhora de uns 60 anos, loira, peruíssima, de batom vermelho e que coincidentemente também é a responsável do Rotary pelos intercâmbios de high school na cidade. <br /><br />No fim, não era mentira. Apesar de não ter trabalhado no Bully's, já tinha sido informada da possibilidade de fazer alguns shifts no andar de baixo. Mas o principal motivo é que normalmente as pessoas só prestam atenção no segundo nome. Fazem um "ah, tá" e morre o assunto. Já para os mais chegados, eu explicava que trabalhava mesmo no Santafé, o gentle's room (ou a balada de strip) em cima do Bully's, o que sempre gerava um ar espantado ou uma carinha de interesse por parte do ouvinte, por vezes mesmo depois de eu explicar que o meu trabalho era só de bartender - e vestida! pra ter certeza que não ficou nenhuma dúvida.<br /><br />A própria senhora quando me ligou, me chamando para uma entrevista - não para a balada de baixo, pra que eu tinha mandado o tal 'resume' (versão aussie para currículo), mas para a de cima - me explicou que o lugar era bem frequentado, pagava para entrar, os caras não podiam tocar nas meninas e tinha um monte de segurança por perto, caso eu precisasse. Era tanta explicação que eu até desconfiei e perguntei se me trabalho seria realmente só servir bebidas. Ela riu, para em seguida dizer que, sim, eu poderia continuar vestida. Minha vez de dar risada. Se era assim, então estava ótimo. Fiz o teste na 5a, na 3a estava trabalhando. Daí, o negócio era contar pros outros.<br /><br />Ao contrário do que possa parecer, contar pros meus pais não foi tão difícil. Eles sabiam que emprego estava complicado e que eu não ficaria tranquila sem ter dinheiro pra viajar. Se esse era o único ("não tem mesmo outro lugar?"), fazer o quê? A dificuldade foi falar pra senhorinha com quem morava. Quando fui contratada ela estava viajando e quando voltou eu já estava com shifts constantes.<br /><br />Apesar de não lhe dever explicação alguma, eu e minha land owner mantínhamos uma relação de carinho e respeito mútuo, o que me deixava apreensiva ao pensar como daria a notícia.<br /><br />Por fim, o choque maior foi o meu, já que, exceto por uma leve feição de espanto, ela encarou com a maior naturalidade e, ao ouvir a descrição do lugar, terminou o assunto dizendo que eu não sou mais uma menininha de 18 anos pra ficar assustada com essas coisas. A modernidade dessa senhora de 71 anos sempre me surpreende.<br /><br />Depois disso, tudo meio que mudou. Se ela levou meu emprego uma boa, percebi que não tinha mesmo porque esconder, especialmente na Astrália. Passei a falar com naturalidade. As pessoas, por sua vez, se interessavam e faziam perguntas sobre o cotidiano do lugar. Nesse momento, a dificuldade era como não falar de forma normal sobre uma coisa que pra mim já tinha deixado de ser diferente.Patty Marie Joneshttp://www.blogger.com/profile/08753929396707468530noreply@blogger.com0