Wednesday, March 02, 2011

Universitária again

Quando meu pai me deixava na frente da Unip, um japonês bem magrinho com jeito de no máximo 17 anos descia do carro da frente. A piada era tão óbvia que decidi simplesmente abstrair. Meu pai, por outro lado, não teve o mesmo bom senso. Antes do japa terminar os cinco passos que separavam o carro de sua mãe da calçada, papai já olhava pra mim e, entre muitas risadas, soltou “olha aí onde você vai se meter... certeza que é isso que você quer?

Lógico que não. Certeza era a última coisa que eu tinha. Mas, já que tinha feito a inscrição, vamos fazer a prova né? E dessa mesma forma, já que passei da 1ª fase com meus incríveis 45 pontos, metade do total possível, porque não fazer os outros três dias de teste? E de “por que não” em “por que não”, eu me transformei em uma entre os 849 aprovados em Letras na Universidade de São Paulo deste ano.

O primeiro “por que não” foi no impulso. E depois ainda dizem que taurino não gosta de mudanças. Vai ver a proximidade cada vez maior dos 30 (ok, falta mais de dois anos, mas mesmo assim) está fazendo meu querido signo solar abrir espaço para um animal meio homem meio cavalo, daqueles bem chucros que de repente faz o que dá na telha, porque foi bem assim. Um dia estava entediada procurando alguma coisa divertida pra fazer. Curso de redação criativa, voluntariado em alguma ONG... enfim, qualquer coisa pra ocupar o restante das 48 horas que eu cismo que meu dia tem.

Assim, depois de uma busca um pouco frustrante penso “por que não outra faculdade?”. Por duas vezes depois de formada já tinha prestado história, mas em nenhuma delas consegui me dedicar o mínimo que fosse pra ter chance de matrícula (na segunda, na verdade, nem fiz a prova, depois de, no dia do exame, perceber que se não tinha estudado nada, era porque não era que bem isso que queria).

Dessa vez, como sabia que com campeonato no Uruguai e um trabalho cada vez mais intenso não teria mesmo chance de estudar, resolvi ser sincera comigo mesma e prestar uma carreira um pouco mais fácil. A mais fácil, se é que me entende. Apesar de ser extremamente bem conceituada, a faculdade de Letras da USP não é algo assim... difícil de entrar. Com suas mais de 800 vagas, a nota de corte da 1ª fase é de apenas ¼ do exame, o que me deixa um pouco apreensiva em relação aos colegas de classe. Mas, enfim, o que estou dizendo? Assim como eu, grande parte pode ter decidido simplesmente pela facilidade de prestar o curso mais fácil da instituição.

Quando olhei o site pela 2ª vez, era o último dia para inscrição e pagamento. Lógico que só podia ser um sinal. Paguei. E foi aí que começou a minha enxurrada de “por que nãos”.

Quase duas semanas depois do começo das aulas, essa foi a primeira vez que fui à escola. Não para assistir à aula, mas para dizer que, sim, eu confirmo minha matrícula. Ao contrário do que imaginava, não havia mais trotes ou bares. Todo mundo já está dentro das salas. A recepção dos alunos pelo visto ficou restrita à tal calourada – semana de integração à qual eu obviamente faltei. Se fosse há dez anos, quando prestei meu primeiro vestibular, dificilmente teria perdido um só dia dessa programação. Teria voltado todos os dias para casa semi-bêbada, feliz de ter conhecido um monte de gente que – desde sempre avoada e com memória fraquíssima – não ia lembrar mais o nome ou o rosto no dia seguinte.

Hoje, vou para o trabalho logo depois da aula sabendo que é possível faltar de vez em quando sem perder uma quantidade irrecuperável de conteúdo; que ir pro bar durante o trote é ótimo mas não é de longe a única maneira de conhecer as pessoas na faculdade e, por fim, acreditando que muito mais vale aproveitar poucas matérias durante o ano – coisa impossível em faculdades pequenas como a Cásper – do que se formar no menor período possível fazendo todas as matérias de qualquer jeito, louca para receber logo o tal diploma.

Nada de arrependimento. Faculdades diferentes, épocas diferentes, interesses diferentes. Assim começa meus possíveis nove anos low stress de FFLCH e, como diz a loira-quase-J., nossa próxima fase de baladas universitárias. Se der certo, quem sabe não me junto a Lucy e começo a ter eternamente 21?

2 comments:

Lucy Jones said...

Ah, amiga... sabe que no Canadá descobri uma loja chamada Forever XXI? Achei muito a minha cara! Hahaha (a loja é real...)

Enfim... a gente aprende muita coisa apenas fazendo faculdade. Hoje também vou mais tranquila tendo mais certeza do que é e do que não é importante. Isso sem falar que desesperos... são muito raros na fase 2!

É, amiga... acho que você vai gostar! Pra mim, fazer amigos já está meio na impossibilidade... mas você sempre foi mais simpática que eu! E beeem menos ranzinza!

Muita sorte, amiga! Ainda mais de manhã! Porque acho que se fosse de noite, depois de trabalhar o dia todo, a fase 2 ia mesmo pro brejo!

bjos!

Laís said...

Eternamente 23, vai...hahahahahha