Thursday, December 31, 2009

Is it (so last year)?

Na mitologia, a maldição de Cassandra a fazia saber o futuro, mas ser incapaz de alterá-lo. Por não ter o dom da persuasão, Cassandra previu o que acontecia com Tróia, mas nada pôde fazer, senão assisti-lo.

Há alguns anos, perdi uma amiga querida por besteira. O fim de um relacionamento, uma pessoa carente que encontra abrigo no colo de outra, tão carente quanto. Eles eram só amigos, mas nós também já tínhamos sido assim uma vez. As coisas mudam, independentemente da nossa vontade. O que eu tinha pedido era só a verdade. Não tem nada, ok, mas então me conta o que está acontecendo. Prefiro saber por você do que por ele. Não contou e antes que aquilo que eu temia se consumasse, eu me afastei. Por mais que não tivéssemos mais nada, preferi não ser testemunha e não sofrer acompanhando os capítulos seguintes daquele reality show, do qual eu já previa o final, mas que todo mundo parecia querer me atualizar.

Na época, a besteira foi que, mesmo que não intencionalmente, havia alguém maquinando os fatos, forçando um ciúme. Mas pra quem não sabe sentir essas coisas, o efeito pode ser desastroso: o aparente orgulho esconde uma insegurança que quando vem à tona explode, com o efeito quase de uma bomba atômica.

Quatro anos mais tarde, mais ou menos na mesma época, o sentimento se repete. E daí, dá uma preguiça pensar em reviver tudo aquilo, se expor dessa forma e mostrar que de vez em quando até o touro mais forte sente dor. Dizer que está machucado é se abrir, é ser digna de compaixão e compaixão não combina com orgulho, mas acho que estou melhorando nesse quesito.

Voltamos ao começo do texto.

Hoje, mesmo com a incrível tecnologia, a sina de Cassandra continua. Persuasão à parte, há fatos que ninguém pode alterar. A gente pode prever um desastre e tentar evacuar uma cidade, mas não parar o terremoto. O melhor que se pode, sim, fazer é mudar é a nossa resposta aos problemas, criando novas rotas de fuga, melhorando o sistema de socorro e de comunicação em casos de emergência. E isso em nada tem a ver com prever o futuro, mas de aprender com o que foi feito no passado.

Enfim, tais quatro anos depois, finalmente tudo o que tinha de estranho na nossa relação a três parece ter ido embora. Não somos mais amigos, mas parece que não há motivo para que não fôssemos, se assim ainda quiséssemos. Um bom exemplo do passado mostra que mesmo as coisas mais complicadas podem dar certo no futuro.

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