Monday, December 17, 2007

Tá na hora de escolher a calcinha

Escrever esse texto me dá até um arrepio. Clichê à parte, parece que foi ontem que Lucy mandou um e-mail desafiando todas as Jones a fazerem uma retrospectiva de 2006. Eram os primeiros meses do blog, a freqüência ainda era razoável e... nossa, é difícil demais comparar. Dois mil e sete foi um ano extremamente intenso. Essa certeza eu tive agora, ao reler meu próprio post, datado de 23 de dezembro. A lembrança da faculdade ainda era recente e o título, "o ano do pato", demonstrava que haviam sido 365 dias (completados depois) de pura experimentação. Nesse, ao contrário, intensidade foi a palavra marcante.

Intensidade essa dividida em três itens: trabalho, rugby e baladas. Se parar pra fazer uma auto-crítica, talvez pareça meio fútil. Mas acontece que os três elementos permearam todo o ano de 2007, em todas as áreas. E agora chega 2008, uma simples mudança de número que traz uma infinidade de novas esperanças, de novos planos. E correndo o risco de deixar - de novo - o meu texto grande demais, vou dar uma paradinha com um poema que adoro.

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número
e outra vontade de acreditar que,
daqui pra frente...
tudo vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade



Acho que ele resume bem tudo o que sinto. Desde pequena, aprendi que uma parte importante da virada é a reflexão, mesmo que superficial, do que aconteceu. Do que você fez, de bom, de ruim, de que tipo de pessoa está se tornando (idéia da eterna mutação). Do que você quis fazer e não conseguiu. Não fez porque mudou de planos, não se empenhou o suficiente ou não deu mesmo? Esses planos continuam para o ano seguinte? Quem marcou a sua vida nestes 365 ou 366 dias? Quando você lembra de tudo o que passou, quais os rostos que mais lhe vêm à mente? E com que sentimento?

Com base em tudo isso, traçava planos para o ano seguinte. Coisas que gostaria que acontecesse. Pequenos sonhos para o ano que está começando e que não necessariamente serão realizados. Mas é muito bom pensar que sim. Uma agenda inteira a ser preenchida. E com essas idéias na cabeça a gente cria ou participa de simpatias, rituais.

Na ceia, não pode ter nada que coma andando para trás, porque a vida vai andar pra trás junto. Galinha e porco estão proibidos. O melhor é peixe. Lentilha traz dinheiro, assim como a uva e a romã, mas essas duas só funcionam se comer de pé. Por falar em romã, não lembro direito quantos, mas sei que guardar alguns carocinhos da fruta dentro da carteira também era importante, assim como folhas de louro. Se você passar na praia, pule sete ondinhas. Cada uma pensando em um desejo. Na volta, ande para trás, não dê nunca as costas para o mar ou Iemanjá vai ficar brava. Ela, por sinal, recebe milhões de oferendas todo o ano e devolve para a terra aquelas cujos solicitantes não terão seus desejos atendidos. O resultado, infelizmente, são praias imundas no dia 1o, por isso, parei de jogar as rosas.

À meia-noite, a primeira pessoa a ser cumprimentada deve ser do sexo oposto. E a primeira vez que você entrar em casa tem que ser pela porta da frente e com o pé direito. Se quiser viajar, tire uma mala de dentro do armário e dê uma volta pela casa com ela.

As simpatias são divertidíssimas. É só você não se estressar demais em tentar cumpri-las e começar o ano brava - daí é melhor nem fazer. Uma não muito divulgada é de queimar defeitos - ou pecados. No último dia do ano você escreve o que você quer mudar em você mesma em um pedaço de papel. Cada defeito em um pedaço. Quando fiz, era meio gordinha e, assim como quem me ensinou a simpatia, escrevi "gordura" em um dos papéis. Mas também vale coisas mais complexas como insegurança, arrogância e por aí vai. Não há limite de papéis, mas sempre acho que quanto mais focado você for, mais fácil de atingir seus objetivos. Terminada a primeira parte, junte tudo em algum lugar e coloque fogo. A gente jogou na churrasqueira, mas hoje acho que seria muito mais legal queimar um a um, vendo tudo aquilo que te incomoda desaparecer devarzinho entre as chamas.

Sem defeitos, com a vida andando pra frente e feito um monte de planos, que venha o novo ano, guiado pela escolha certa da calcinha (texto abaixo).

2 comments:

Lucy Jones said...

Puxa... acho que todas as simpatias que eu conhecia, vc falou. Só quando vamos fazer a contagem regressiva, minha vó faz todo mundo ficar só no pé direito!

Nossa... e deu uma vontade de passar uma virada do ano só com as Jones! hahaha... seria, no mínimo, maravilhoso! Podemos fazer disso um plano!

Sete ondas, sete desejos, né?! Vou me lembrar disso!

bjinhos

Ariel Jones said...

É um dos poemas mais lindos que já li na minha vida... Se fosse Carlos Drummond ele se chamaria Esperança!!!!

Feliz ano novo pra nós!!! E quem sabe no ano que vem, tenhamos um ano novo das Jones? Adorei a idéia da Lucy