Monday, December 17, 2007

Retrospectiva por cores

Entre todos os rituais de final de ano, um dos mais legais, exatamente por ser simples, é a escolha da roupa. A cor que escolhemos antes de sairmos de casa já mostra nosso ânimo. Não é à toa que às vezes você sai na rua e vê um monte de gente com a mesma cor que você. São pessoas que estão sob a mesma influência, mesmo humor, guiadas pelo tal inconsciente coletivo. Por isso, nada melhor do que na virada do ano você escolher qual cor vai predominar na sua vida nessa nova etapa.

Aqui no Brasil acostumamos a usar branco pedindo paz. Em outros países, o normal é o preto. Mas, debaixo da roupa, onde (quase) ninguém vê, cada um ostenta um desejo secreto. Um pedido delimitado por cores para o ano seguinte. O que você quer para 2008? Paz? Amor? Uma paixão? Prosperidade financeira? Saúde? Proteção? Às vezes, acontecimentos de final de ano podem distorcer sua visão do ano inteiro. Então, para descobrir o que faltou e fazer o pedido certo, nada melhor do que uma retrospectiva. A minha, vai aí embaixo:

Verde (saúde): No arraial do sítio, fizeram um altar pra imagem do Chrygor, mas melhor do que isso teria sido colocar uma bola de rugby ao lado das velas. Apesar de ainda não ter acontecido o milagre do nosso time fazer try em jogos oficiais, o poder da bola oval me fez por dias acordar às 6h da manhã pra correr no parque do Ibirapuera. Melhorei meu condicionamento físico. Fui pra academia e para treinos três vezes por semana. Participamos de três campeonatos, mais alguns amistosos, incluindo um de union. Passei da ponta para centro e terminei o ano jogando até mesmo de abertura, posição que faço toda a questão de devolver.

Amarelo (prosperidade): Se pelo esporte, virei secretária de Lucy, meses depois repeti a função no trabalho, como X-sistent. Tudo isso toma tempo e vicia. Me enfiei de cabeça no trabalho. Minha pulseira amarela caiu e eu não fui pra África. Em compensação, além do emprego de sempre, em que troquei os plantões de final de semana por serões constantes, foram frilas (de jornalismo e publicidade) e toda a infinidade de textos. Intensifiquei meu currículo como repórter. Cara de pau ao extremo, entrevistei até em italiano, que há anos não falava. Por um tempo, o blog também ficou agitado. Nessa brincadeira de querer abraçar o mundo, até pagamento em almoço ganhei.

Branco (paz): conceito relativo esse. Como bem definiu meu irmão, só duas pessoas nesse mundo conseguem me deixar nervosa. As duas, da família. E essa história de mudar de casa - e passar ainda menos tempo nela - acentuou as crises por um tempo. Depois, tudo resolvido. Nicks como "você não gosta dessa casa, né?" ou "é tudo culpa da parede" eram comuns no meu msn. Aliás, seria ótimo fazer uma retrospectiva só com base em nicks de msn. Fora do ambiente familiar, apesar deste ano não ter arrumado encrenca em balada (pelo menos não muita), nem apontado as pintas de meninos mal educados, confesso que tenho me irritado mais freqüentemente.

Preto (proteção): 2007 voltou a ser um ano de perdas. Perda, no singular, mas de grande importância e que mostrou o quanto é bom termos as pessoas queridas (amigos e família) sempre ao lado. O meu chaveiro de amuletos chegou ao fim quando o coração se desfez. O de olho grego, dado pela minha mãe, caiu inteiro e de uma vez - fato que tem se tornado comum entre as Jones.

Rosa e vermelho (amor e paixão): na área dos relacionamentos, uma intensidade diferente, houve alguns começos sem nenhum fim e um fim que não teve um começo de verdade.

Azul (tranqüilidade): nessa, a situação foi ainda pior e a cor azul terminou em déficit. A fama de baladeira se alastrou, juntamente com as olheiras que tomaram pouco a pouco conta do meu rosto. "Se me mato de trabalhar, me mato na diversão também". No começo do ano saí por escola de samba e ganhei o carnaval - mesmo que não tenha sido pela X-9. Em compensação, entrevistei o carnavalesco, simpaticíssimo. Fui pro meu sexto e último Juca como atleta, após dois anos como ex-aluna. Nas festas, até de menina-flor fomos, numa fantasia única, mesmo com chapéu roubado.

Na hora de pensar em tudo o que esse ano foi, bate uma certa tristeza, uma saudade antecipada de tudo o que 2007 foi e de tudo que ele poderia ter sido. Esse texto em si não tem muita razão de ser. Uma auto-reflexão publicada. No fim, serve como agenda, em que contamos tudo o que foi feito e tudo o que não foi feito. Vários textos que pensaram em ser escritos e nunca saíram do rascunho. Festa de um ano do próprio eraumavez, festa de um ano do rugby. Coisas que ficaram e que vão ter que ser compensadas no ano seguinte. Conclusão mesmo, não cheguei a nenhuma. Não lembro da cor usada nem do que pedi no ano passado. Mas acho que é até melhor assim. O legal é curtir as possibilidades naquele momento da passagem. Depois, se os pedidos foram realizados ou não, é insignificante. O que importa é que tenha sido um ano bom.

2 comments:

Ariel Jones said...

Ai amiga... fiquei pensando no que seria o meu texto, pensando no ano que passou, nas coisas que aconteceram e tentei me lembrar dos meu desejos e resoluções para 2007.

Tantas mudanças que parece que a virada foi há muito mais do que apenas um ano.

Que 2008 seja ainda melhor!!!

Fábio said...

É... eu me perderia pensando em que cor vestir e quais seriam meus desejos secretos...

Mas, achei essa forma de retrospectiva fantástica... adorei!

Beijos...