Sunday, November 11, 2007

A esposa e a amante

Certa vez, uma pessoa me disse que eu tenho muito mais jeito para amante do que para namorada, esposa. Na mesma hora, questionei os motivos da frase e, como resposta, escuto a seguinte frase:

"Você não se apega. Não é fria, mas não se apega - ou pelo menos não aparenta. Namorada, esposa, normalmente dá showzinho, é mais insegura, carente, o que cansa, mas de vez em quando é bom. Já você, não."

Na época, considerei isso como um elogio. Quer dizer, na dúvida, achei que era mais uma coisa boa do que uma ruim. Hoje, já não tenho mais certeza se isso é realmente tão bom ou se ele continuaria certo.

Ontem, em uma conversa recente com Ariel, chegamos à conclusão que ninguém é 100% um tipo ou outro. Todas as mulheres somos amantes e esposas. Temos o nosso jeito principal mas, dependendo da situação, mês ou até dia - dada a inconstância do gênero feminino - a gente pende mais para um lado do que para o outro. Por isso, resolvi fazer uma lista, não de prós e contras, porque a classificação seria no mínimo polêmica, mas de diferenças entre esposas e amantes. Aqui vai:

Para a mulher-esposa todos os momentos são do casal. Por isso, nada de marcar compromissos sem ter falado com o outro primeiro. Não é incomum você ouvir um "ah, lógico, vou falar com Fulano" quando chama sua amiga-esposa pra sair. Já com a amante, o discurso é diferente. Se não tem nada marcado no dia, ela simplesmente aceita o convite. Depois, avisa ao outro "tal dia marquei de ir em tal lugar, quer ir?"

Sempre que não há nada combinado, a esposa volta do trabalho/faculdade direto pra casa, onde vai falar com ele antes de dormir, tranqüila. A amante, acostumada a agitação, se recusa a ir de casa pro trabalho, do trabalho pra casa. Sai com amigos, vai ao shopping, cinema, o que for. E isso não significa de forma alguma que ela traia o parceiro; simplesmente acha que a vida tem que ter algo mais.

Mulheres esposas fazem o papel figurativo em festas. Ficam sempre ao lado do companheiro em questão, deixando-o mais confiante, trocando carinhos. Podem até beber e brincar, mas sua imagem não se dissocia por mais de um segundo do par. Podem estar um em cada ponta da sala, mas freqüentemente os olhares se cruzam. As amantes, por sua vez, se divertem com amigas, amigos. Dão liberdade ao parceiro e usufruem da mesma. Com isso, às vezes pecam por ficar longe demais do moço.

As mulheres esposas são as mais meninas. Femininas, sabem se portar e são admiradas como um exemplo de boas companheiras. São simpáticas e agradáveis com quem devem ser. As amantes, acostumadas a ficar no meio só de homens, às vezes se confundem com um deles. Bebem, jogam, brincam e riem de igual para igual.

Por participar das festas - e não só acompanhar - as amantes tendem a ser menos ciumentas. Porém, como a liberdade é para os dois, não é difícil que alguém ultrapasse a tênue linha das brincadeiras normais e desperte a insegurança alheia. Já as esposas vivem ao redor do seu homem. Apesar dele ser uma preocupação constante, ela está ali do lado, então não há porque ter medo.

As amantes não entendem como as esposas conseguem ser tão submissas. As esposas não admitem como alguém pode ser tão fútil. Por fim, esposas são as namoradas perfeitas. Amantes, as mais companheiras.

A gente até tenta, mas não dá pra fazer uma ficar no lugar da outra.

Conheço várias esposas que, antes de encontrarem seu par ideal já se depararam com alguém que, para dar certo, foram obrigadas a ser mais espirituosas. A situação cansa quando ela percebe que, por mais que tente ficar numa boa, a atenção dos outros nunca vai ocupar o espaço da dispensada pelo ser amado.

Da mesma forma, forçar uma amante a ser discreta e caseira é o mesmo que colocar um ipê dentro de uma sala de estar. Ela vai se sentindo presa, insegura, murcha. Então, ou morre ou explode o cômodo.

3 comments:

Ariel Jones said...

É verdade. Acho que eu tenho elementos das duas. Todas temos, em proporções que variam.

E é sempre bom surpreender o cidadão em questão. É legal demonstrar ciúmes quando vc não costuma dar atenção. Ou então não cobrá-lo por ter voltado tarde da pelada com os amigos, quando o normal é começar com o sermão.


De qualquer maneira, o clichê ... importante mesmo é amar e ser amada

Bjs

Lucy Jones said...

Ihh... acho que não concordo com essa definição de amante... mas talvez eu esteja pensando na definição errada de amante...

Anyway, para mim você apenas diferenciou aquelas que são mulheres-esposas (e usando esposa por ser um termo ainda mais demodê) e as que são namoradas-companheiras! Que bom seria ser namorada de alguém até o fim da vida, não?! rsrs

Acho que tudo tem um limite, quando a sua vida continua sendo a sua vida mas com a presença do outro ou quando a sua vida e a do outro passam a ser uma só. Há um limite para se ter personalidade num namoro e também há um para perdê-la.

enfim... escrevi demais!

bjos

Anonymous said...

É, acho que é preciso ter característica das duas, com ênfase em cada personalidade de acordo com o momento. Preciso de um cobaia...hahahaha